Jornal Estado de Minas

Advogado paquistanês denuncia parcialidade no caso de jovem acusada de blasfêmia

AFP
O advogado do homem que acusou uma jovem cristã paquistanesa de blasfêmia por queimar papéis que continham versículos do Alcorão denunciou nesta quinta-feira a parcialidade dos médicos que a examinaram, com a acusação de que concordaram com o governo para demonstrar a inocência da jovem.
Um grupo de médicos examinou na segunda-feira a jovem identificada como Rimsha para determinar sua idade, desconhecida pela falta de documentos de identidade. Seus defensores afirmam que teria 11 anos e a polícia, 16.

Segundo o boletim médico, a jovem, pela estatura, peso e arcada dentária, tem "por volta de 14 anos". "Parece analfabeta e sua idade mental parece inferior a sua idade física", afirma o documento.

Mas nesta quinta-feira, após uma rápida audiência sem a presença da adolescente, o advogado da acusação, Rao Abdur Rahem, questionou o trabalho dos médicos.

"A vítima admitiu ter queimado um capítulo do Alcorão. Os médicos e o Estado apoiam a vítima", declarou na saída de um tribunal de Islamabad.

Rahem também questionou a validade do boletim médico porque foi realizado na segunda-feira, um dia antes da data prevista pelo tribunal. O juiz Raja Jawad Abas Hasan marcou a próxima audiência para sábado.

Rimsha, que vive em Mehrabad, bairro popular da periferia de Islamabad, foi acusada há duas semanas pelos vizinhos de queimar páginas do "Norani Qaida", um guia de introdução ao islã para crianças, que contém versos do Alcorão.

No Paquistão, insultar o profeta Maomé pode ser punido com a pena de morte e queimar um versículo do Alcorão com a prisão perpétua, em função da lei sobre blasfêmia. Apoiada pelos islamitas radicais, mas impugnada pelos liberais, esta lei virou um tema controverso e o governo evitou modificá-la apesar das pressões da comunidade internacional.