Barack Obama antecipou o que iria ocorrer e os republicanos não falharam: a convenção de seu partido em Tampa (Flórida) foi a ocasião perfeita para expressar toda a raiva contra o presidente democrata.
Na terça-feira, o presidente da Câmara de Representantes, John Boehner, havia marcado o tom ao se dirigir aos cerca de 4.000 delegados do partido.
"Vamos tirá-lo". "Porque nós podemos fazer melhor. Podemos fazer muito melhor. E isso começa por tirar um presidente que não entende nada", disse Boehner sob uma salva de palmas. "Ele não pode reconstruir a economia porque não sabe como foi construída", acrescentou.
Com uma dívida de 16 bilhões de dólares e um desemprego de 8,3%, o balanço econômico do presidente Obama é seu calcanhar de Aquiles. E os republicanos exploram o tema a fundo, demonstrando que seu candidato à presidência, Mitt Romney, um multimilionário ex-empresário de 65 anos, deu provas de saber como criar empregos.
No palco ou nos corredores, a acusação se repete. "Barack Obama fracassou em relançar a economia, aumentou nossa dívida de maneira dramática", explicou à AFP Aaron Schok, que, aos 31 anos, é o mais jovem legislador no Congresso.
"Estou certo de que eles terão muitas coisas adoráveis para dizer sobre mim", havia comentado na terça-feira Barack Obama ao se referir à convenção republicana. A campanha presidencial se apresenta neste ano com grande ferocidade.
"É a campanha mais suja e mais desagradável que vi em todos os meus (29) anos na política" lamentava na quarta-feira nos corredores da convenção o ex-candidato à presidência John McCain.
No palco, McCain acusou o presidente de ter "traído os valores" dos Estados Unidos, ao denunciar sua política externa.
E repetindo o que já havia sido feito pelo governador de Nova Jersey, Chris Christie, o senador por Kentuchy Mitch McConnell atacou na quarta-feira outro tema muito presente em Tampa, a ausência de liderança de Barack Obama.
McConnell denunciou um presidente "que se mostra apagado" diante dos grandes desafios. "Nosso país precisa desesperadamente de liderança", disse.
Se fossem ouvidos os participantes, os delegados ou os convidados reunidos em Tampa, Barack Obama colocaria em perigo as próximas gerações. Ele teria como objetivo impor um modelo europeu "socialista", que fracassou nos Estados Unidos, e que não compreende os americanos.
E a base republicana mostra sua raiva. Barack Obama é um "terno vazio, um embuste", se revoltava David Valkena, um delegado de Illinois, ao sair de um cinema onde assistiu, como milhares de delegados em Tampa, um documentário feroz anti-Obama, intitulado "2016 Obama's America".
Nas imediações do imenso centro de convenções de Tampa, Bruce Thompson, delegado por San Diego (Califórnia), usando um chapéu com os símbolos da chapa Romney-Ryan, emite um veredicto sem apelações.
Obama "é o pior presidente de toda a história americana e será assim que entrará para a história. Não fez nada. As pessoas votaram por alguém com quem sair para tomar uma cerveja e é uma catástrofe", destacou.
"Ele não ama verdadeiramente os Estados Unidos, ele não ama nossos pais fundadores e não ama o que nós representamos", acrescentou Thompson, que utilizava uma gravata com a foto de Mitt Romney.
"Foi minha mulher que a fez, e me presenteou para o dia dos pais. É uma peça única", explicou.