A reunião do Conselho, que será realizada nesta quinta-feira à noite em Nova York, visa a lançar um "apelo à conscientização mundial e à mobilização" humanitária, disseram fontes diplomáticas.
Os ministros francês e britânico das Relações Exteriores, Laurent Fabius e William Hague, -- os únicos ministros dos membros permanentes do Conselho nesta reunião-- anunciaram novas ajudas respectivas de "cinco milhões de euros" (6,2 milhões de dólares), que serão acrescentados aos 20 milhões já fornecidos por Paris, e de três milhões de libras (4,75 milhões de dólares) aos mais de 27,5 milhões já desbloqueados por Londres.
Este novo montante, indicou Fabius, irá "prioritariamente para as zonas liberadas" da Síria, ou seja, sob controle da oposição armada. Quanto à contribuição britânica, uma parte é destinada aos sírios em seu país e o restante será enviado aos refugiados nos países vizinhos.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, já rejeitou a ideia de zonas-tampão para proteger os refugiados e, Fabius e Hague reconheceram as "dificuldades consideráveis" para estabelecê-las, mas não descartaram opção alguma.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, pediu à ONU que "imponha uma zona de exclusão aérea" e "zonas-tampão" e crie corredores humanitários para levar ajuda a "cerca de 2,5 milhões de deslocados e de refugiados dentro e fora da Síria".
"O CNS considera que, se o Conselho de Segurança não tomar medidas sérias para acabar com os massacres e com os crimes do regime, será como se estivesse abandonando seu papel de garantidor da paz mundial e de protetor dos povos contra os genocidas", segundo um comunicado.
Enquanto isso, os combates não têm trégua.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) indicou nesta quinta-feira pelo menos 46 civis, 21 soldados e 10 rebeldes mortos. Em Damasco, o diretor do hospital militare Techrine indicou à AFP que 47 membros das forças do governo tinham perdido a vida na quarta-feira, elevando para 8.000 o número de mortos em suas fileiras desde o início da revolta, em março de 2011.
O OSDH havia indicado em seu último registro cerca de 6.500 membros das forças de ordem mortos, de mais de 25.000 mortes na Síria.
Os rebeldes também indicaram a derrubada de um avião do Exército no noroeste. De acordo com o coronel Afif Mahmoud Sleimane, chefe do conselho militar rebelde para a província de Idleb, "centenas de rebeldes" atacaram o aeroporto de Abou el-Zouhour e abateram uma aeronave MiG com armas automáticas pouco depois da sua decolagem. Eles também "queimaram 11 aviões MiG nesse aeroporto totalmente controlado" pela oposição armada.
O Exército bombardeou em seguida a região de Abou el-Zouhour, matando pelo menos 20 civis, incluindo oito crianças e nove mulheres, segundo o OSDH. Vídeos divulgados no YouTube com o título "O massacre de Abou el-Zouhour" mostram civis, incluindo alguns armados, procurando corpos sob os escombros. Ao encontrar um cadáver, um deles gritou: "Oh Deus, não vê o que acontece?".
É impossível verificar essas informações por fontes independentes devido às restrições impostas no país.
Por muito tempo poupada da violência, Damasco é palco de violentos combates desde julho. As operações do Exército são efetuadas, principalmente, contra o cinturão leste da capital, onde estão entrincheirados os rebeldes, segundo um comandante rebelde em Damasco. Em Aleppo, segunda maior cidade do país, onde uma batalha crucial é travada, o Exército bombardeou vários bairros rebeldes, matando pelo menos quatro civis, segundo o OSDH.
Como a cada final de semana, militantes anti-regime lançaram convocações para protestos na sexta-feira, sob o lema "Daraya, uma chama que nunca de apagará", referindo-se a essa localidade próxima a Damasco, onde centenas de corpos foram encontrados após uma ofensiva do Exército na semana passada.
Diante do conflito, a comunidade internacional permanece dividida entre os ocidentais, que exigem a saída de Assad, e os aliados de Damasco -- Rússia, China e Irã --, que defendem um diálogo entre governo e oposição.
Os Estados Unidos saudaram as "fortes" críticas manifestadas durante a cúpula dos Não-Alinhados em Teerã pelo presidente egípcio, Mohamed Mursi, contra a Síria e as do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em relação ao Irã. O chefe de Estado egípcio havia denunciado um regime sírio "opressor, que perdeu a sua legitimidade".
A Casa Branca novamente denunciou "a agressão brutal do regime Assad contra os sírios", considerando que o presidente sírio está delirando.