Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), foi declarado nesta sexta-feira presidente eleito do México para o período 2012-2018 pelo Tribunal Eleitoral, que em uma votação unânime, qualificou como válidas as eleições de 1º de julho.
"Como consequência, fica decidido que o candidato que obteve a maioria dos votos nas eleições para presidente de acordo com a contagem é o cidadão Enrique Peña Nieto (...) presidente eleito", disse José Alejandro Luna Ramos, presidente do Tribunal depois da votação.
Na resolução do tribunal foram reconhecidos "alguns problemas (principalmente erros humanos), mas foi possível resolver adequadamente e dentro do marco do direito", afirmou, por sua vez, a juíza María del Carmen Alanis.
Luna Ramos explicou que o próximo passo é a entrega do registro de maioria para Peña Nieto, que deve comparecer na tarde desta sexta-feira à sede do Tribunal Eleitoral, fortemente protegido pelas forças federais na presença de centenas de manifestantes.
Peña Nieto assumirá no dia 1º de dezembro para o período 2012-2018.
Esta sessão era considerada de trâmite depois que na noite de quinta-feira, em uma decisão unânime, o Tribunal rejeitou a reivindicação da esquerda de declarar a eleição inválida devido à suposta compra massiva de votos e uso excessivo de recursos na campanha presidencial.
Depois de ser declarado presidente eleito, Peña Nieto, advogado de 46 anos que colocará novamente o PRI na presidência, após permanecer no poder de 1929 a 2000, deverá se dirigir nos próximos dias à sede do Tribunal para receber a chamada constância da maioria e, assim, assumir o poder no dia 1 de dezembro.
O candidato derrotado da esquerda naquelas eleições, Andrés Manuel López Obrador, respondeu à decisão do tribunal na véspera com um chamado à "resistência civil pacífica".
"As eleições não foram nem limpas, nem livres, nem autênticas, consequentemente não vou reconhecer um poder ilegítimo que surgiu da compra de votos e de outras violações graves à constituição e às leis", disse López Obrador, que recebeu 31,6% dos votos, contra 38,2% de Peña Nieto.
"Embora sigam nos atacando, nos acusando de ser maus perdedores, de loucos ou messiânicos (...) preferimos estes insultos a convalidar ou formar parte de um regime injusto, corrupto e de cumplicidades", disse em uma mensagem lida diante da imprensa.
O candidato de esquerda, também derrotado em 2006 por menos de 1% dos votos por Felipe Calderón, do Partido Ação Nacional (PAN), convocou seus seguidores a se reunir no domingo, dia 9 de setembro, no Zócalo (praça central).
"A desobediência civil é um honroso dever quando é aplicada contra os ladrões da esperança e da felicidade do povo. Convoco todos os partidários da democracia a nos reunirmos no Zócalo da Cidade do México (...), aí definiremos os próximos passos", disse López Obrador, depois de ressaltar que permanecerão "na via pacífica".
Nesta sexta-feira, simpatizantes da esquerda tomaram as cabines de pagamento de pedágio de uma estrada do sul da capital e deixaram os carros passarem livremente.
Durante a tarde, o movimento estudantil denominado #Yosoy132, que se declara apartidário, mas que se opõe ao retorno do PRI ao poder, programou uma manifestação que terminou na sede do Tribunal.
Na quinta-feira, cerca de 300 pessoas lançaram slogans no exterior do recinto e, por alguns momentos, os ânimos se exaltaram os manifestantes lançaram ovos, garrafas e outros objetos aos gritos de "México sem PRI!".