Elsa admite que a fortuna da presidente se multiplicou de modo alarmante. Os membros de seu gabinete também incrementaram o patrimônio. Se Morocha (Morena, como a presidente é apelidada) viu sua conta bancária mais polpuda, ficou significativamente mais pobre em termos de popularidade. No fim de 2011, ela tinha 63% de prestígio, segundo uma pesquisa da consultoria Management & Fit. Hoje, conta com apenas 39%. A desaprovação ao governo subiu de 29% em outubro do ano passado para 50,4% em junho deste ano. “Isso se deve a vários motivos, como a crescente insegurança; a desatenção em relação aos serviços públicos; os casos de corrupção que atingem o vice-presidente, Amado Boudou; a armadilha cambial e todas as restrições para a compra de moeda estrangeira. Tudo isso somado à negativa do governo a reconhecer a inflação, que já coloca a Argentina no primeiro lugar da América Latina”, comenta a analista.
Para Gabriel Dreyfus, a armadilha do dólar paralisou a indústria e o comércio, gerando mais desemprego. “Não há prestígio que aguente quando o bolso das pessoas começa a doer”, diz. Na última terça-feira, a Justiça decidiu investigar Cristina por supostas irregularidades na restrição a compra e venda de divisas e o uso das reservas para pagar a dívida externa.
Marketing equivocado A estrutura de marketing por trás da figura presidencial revelou-se um fiasco. Em vez de debater abertamente o tema, Cristina Kirchner excluiu-o de suas mensagens cada vez mais frequentes em rede de TV nacional – comportamento semelhante ao do líder venezuelano, Hugo Chávez. Na tentativa de recuperar parte do prestígio, Cristina adotou um estilo de comunicação direta com as pessoas e passou a realizar comícios stand up, marcados pelo coloquialismo. “Ela está se arranhando com a superexposição e desvaloriza a credibilidade de seu próprio discurso. O estilo stand up, com linguagem quase vulgar, frases de duplo sentido e passagens de humor, tem causado reações de assombro, rechaço e incerteza em relação ao seu estado emocional”, avalia Elsa Llenderrozas.