O presidente do México, Felipe Calderón, reconheceu nesta segunda-feira que o governo cometeu erros na luta contra o narcotráfico, embora tenha afirmado que eles foram a exceção e que sua presidência contribuiu para evitar que a criminalidade organizada tomasse conta do Estado mexicano. Calderón fez hoje seu sexto e ultimo discurso "estado da União". O mandatário passará em 30 de novembro o cargo ao presidente eleito, Enrique Peña Nieto. Calderón disse que os cartéis do narcotráfico provocaram um dano "incalculável" ao México, em particular por causa dos assassinatos e desaparecimentos.
"Certamente foram cometidos erros e em alguns casos abusos, mas foram a exceção e não a regra...por alguns casos isolados não podem ser julgadas as instituições", disse Calderón. Grupos mexicanos e estrangeiros de defesa dos direitos humanos mexicanos têm denunciado nos últimos anos abusos - incluídos assassinatos e estupros - cometidos por alguns integrantes das forças federais, polícia e militares, que participam desde 2006 da luta contra os cartéis do narcotráfico.
Calderón é um político do conservador Partido de Ação Nacional (PAN) que governou o México desde 2000. Peña Nieto, o presidente eleito, é do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o país de 1929 a 2000 e volta ao poder.
"Jamais recorri ao Estado de exceção" disse Calderón, em referência ao fato de nunca ter ordenado o estado de sítio ou ter suspendido as garantias constitucionais para combater o crime. Desde dezembro de 2006, quando foi lançada a guerra ao narcotráfico, dezenas de milhares de pessoas foram mortas no México. Calderón desejou boa sorte a Peña Nieto e pediu a todos os mexicanos que apoiem o novo presidente. Calderón disse que o governo "deve seguir no combate ao crime, com firmeza".