Um longo apagão elétrico deixou às escuras quase cinco milhões de cubanos no domingo à noite, devido a uma "avaria" em uma linha de transmissão de alta tensão, informou nesta segunda-feira a empresa estatal cubana Unión Eléctrica.
O apagão começou às 20h08 locais (21h08 de Brasília) e afetou 10 das 15 províncias do centro e do oeste de Cuba, seis das quais, entre elas a de Havana, ficaram completamente às escuras durante três horas.
"Houve uma interrupção em uma linha de transmissão de 220.000 volts entre (as cidades de) Ciego de Ávila e Santa Clara, causando problemas no serviço elétrico desde Camagüey (no leste) até Pinar del Río (extremo oeste da ilha)", explicou a empresa Unión Eléctrica em um comunicado.
"A Unión Eléctrica investiga as causas que provocaram esta avaria", acrescentou.
O apagão fez alguns cubanos lembrarem os prolongados racionamentos elétricos da década de 1990, na época mais dura do "período especial", como é denominado oficialmente na ilha a crise econômica ocorrida depois do fim da ajuda soviética.
Houve pessoas que ficaram preocupadas por temor de perder os alimentos que guardavam na geladeira, mas outras levaram o assunto com humor, algo normal entre os cubanos, acostumados às privações.
"Vem dormir comigo", disse de brincadeira um morador do bairro El Vedado de Havana a uma vizinha que se queixava do calor de sua casa, observou um jornalista da AFP.
Inicialmente, muitos pensaram que o corte afetava exclusivamente seus bairros e não uma extensa área do país, já que sofrer apagões na vizinhança é algo frequente em Cuba.
Na maior parte da área afetada, a energia voltou por volta da meia-noite, mas em alguns bairros o corte foi mais prolongado.
"Na minha casa a luz chegou por volta das 05h30 da manhã", disse uma trabalhadora de 25 anos de Alamar, cidade-dormitório próxima à capital.
As autoridades não divulgaram detalhes das causas do apagão nem estimativas dos prejuízos econômicos causados por ele.
Durante o corte de energia, milhares de cubanos saíram às ruas para tentar escapar do calor, já que a temperatura era de cerca de 30 graus.
Boa parte dos diplomatas e empresários estrangeiros que vivem em Havana tem geradores elétricos de emergência em suas casas e foram os menos afetados pelo apagão.
Os turistas hospedados em hotéis não enfrentaram maiores problemas, assim como alguns restaurantes privados ou "paladares", que floresceram graças às reformas econômicas do presidente Raúl Castro, e também possuem geradores próprios.
Durante o apagão, as emissoras de televisão e rádio da ilha continuaram suas programações habituais, sem mencionar o fato em seus jornais de meia-noite, apesar de um terço do território do país estar às escuras.