A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) recebeu novas e significativas informações da inteligência durante o mês passado de que o Irã avançou na capacidade para construir uma arma nuclear, disseram diplomatas sob anonimato à Associated Press. Segundo eles, informações obtidas pela inteligência (espionagem) mostram que o Irã avançou no trabalho de calcular o poder destrutivo de uma bomba atômica, através de uma série de modelos de simulação de computadores, feitos durante os últimos três anos.
"Você precisa ter o conhecimento teórico do trabalho que é construir uma arma nuclear, que então é relacionado às experiências que são feitas na construção dos vários componentes", disse David Albright, cujo Instituto para a Ciência e a Segurança Internacionais é fonte frequente de informações sobre o Irã para o Congresso e o governo americanos. "As duas coisas caminham juntas".
Essas simulações de computador normalmente avaliam o potencial explosivo do material físsil, capaz de desencadear uma série de reações em uma explosão nuclear após a fissão do átomo. O valor normalmente é calculado em quilotons.
Qualquer nova evidência sobre as pesquisas iranianas em direção a armas nucleares tende a fortalecer a visão belicista dos falcões em Israel, que defendem um bombardeio contra o Irã. Israel afirma que o Irã deliberadamente leva ao impasse os esforços dos países ocidentais para abrir seu programa nuclear, enquanto secretamente continua a construir uma bomba.
O Irã nega qualquer interesse em fabricar uma bomba atômica e afirma que as suspeitas de que tentou desenvolvê-la são fabricadas por informações falsas das espionagens de Israel e dos EUA. Mas ao mesmo tempo recusa-se a parar o enriquecimento de urânio, aceitar combustível de outros países e atualmente é capaz de produzir urânio enriquecido a um grau maior, o qual seria mais fácil de carregar uma arma do que o urânio com baixo enriquecimento.
Israel vem mostrando sinais crescentes de impaciência. "O mundo diz a Israel: esperem, ainda existe tempo. Eu digo: esperar pelo quê? Esperar até quando?", questionou hoje o premiê israelense Benjamin Netanyahu.
A porta-voz da AIEA, Gill Tudor, disse que não comentará o teor das informações. A AP entrevistou seis diplomatas sob anonimato. Quatro deles afirmam que um trecho ambíguo do relatório da AIEA divulgado em agosto, sobre o Irã, alude às novas informações: "a agência obteve mais informações que corroboram" suas suspeitas, diz o trecho.
Ali Ashgar Soltanieh, chefe da delegação nuclear do Irã na AIEA, disse que não se manifestará. Em Teerã, a chancelaria iraniana disse que responderá às questões da AIEA quando "nossos direitos e questões de segurança" forem reconhecidos.