Dezenas de milhares de russos foram às ruas de Moscou neste sábado, determinados a mostrarem que a oposição ao presidente Vladimir Putin continua, apesar dos esforços do Kremlin em abafar o descontentamento. Os protestos começaram em dezembro passado, após as eleições parlamentares, e cresceram após a eleição de Putin em março para um terceiro mandato.
A manifestação deste sábado reuniu grupos bastante diferentes, de esquerdistas e saudosos do comunismo a nacionalistas de direita, ativistas gays, feministas e estudantes. Cerca de sete mil policiais foram destacados para conter os manifestantes. Mas a marcha, que atravessou várias avenidas, foi pacífica.
Putin tem mostrado menos tolerância com a oposição desde maio, quando assumiu a presidência. Novas leis repressivas foram aprovadas no Parlamento e líderes opositores foram submetidos a interrogatórios. Em agosto, um tribunal sentenciou a dois anos de prisão três roqueiras feministas da banda Pussy Riot, por terem cantado uma música contra Putin na Catedral de Moscou.
A manifestação deste sábado pareceu tão grande quanto o protesto de junho que também atraiu dezenas de milhares. Grande parte das pessoas que foram às ruas, contudo, não fazia parte de partidos e grupos políticos, mas foram convocadas ao protesto por meio das redes sociais na internet.
Embora tenham ocorrido algumas demonstrações neste sábado em São Petersburgo e em algumas outras grandes cidades russas, elas reuniram somente algumas centenas de pessoas e não dezenas de milhares. Em Novgorod, ocorreu uma manifestação de apenas 100 pessoas, das quais 20 foram detidas.
Na sexta-feira, o Parlamento russo expulsou o parlamentar da oposição Gennady Gudkov, que se juntou aos manifestantes neste sábado. "A Rússia não tem mais uma Constituição", disse Gudkov à multidão. "A Rússia não tem mais direitos e não tem mais um Parlamento digno de respeito. Vergonha a esse parlamento e a esse governo", disse o político.