Jornal Estado de Minas

Cabul e Jacarta se unem às violentas manifestações contra filme anti-Islã

AFP

 

Afeganistão e Indonésia tiveram nesta segunda-feira seus primeiros protestos violentos, com centenas de manifestantes enfrentando a polícia com pedras e aos gritos de "Morte à América", em resposta ao filme anti-Islã que desatou uma onda de revolta no mundo muçulmano.

Estes episódios de violência são os mais recentes exemplos da fúria contra o filme anti-Islã produzido nos Estados Unidos e difundido no YouTube, que ocasionou na semana passada manifestações contra símbolos americanos, incluindo embaixadas, em pelo menos 20 países, deixando um saldo de 18 pessoas mortas até o momento.

Nesta segunda-feira, em Cabul, mais de mil afegãos protestaram e queimaram carros da polícia na estrada para Jalalabad, informou à AFP Mohammad Ayub Salangi, chefe de polícia. Entre 40 e 50 policiais ficaram levemente feridos, ao serem atingidos por pedras e paus, disse Salangi, que também sofreu ferimentos leves.

Um policial, que se identificou apenas como Hafiz, afirmou que os manifestantes também atiraram pedras em Camp Phoenix, uma base militar dos Estados Unidos na capital.

Em Jacarta, manifestantes jogaram bombas incendiárias e enfrentaram a polícia indonésia em frente à embaixada americana, gritando "Estados Unidos, vão para o inferno!" no primeiro protesto violento contra o filme "A inocência dos muçulmanos" no país mais populoso do mundo muçulmano.

O porta-voz da polícia, Rikwanto, disse que as forças de segurança recorreram ao uso de gás lacrimogêneo, canhões de água e tiros de advertência, mas não indicou se foram disparados balas reais.

Muitos manifestantes eram partidários de grupos radicais islamitas e usavam o mesmo traje branco muçulmano, disse um jornalista da AFP. No Paquistão, centenas de estudantes queimaram bandeiras americanas e gritaram slogans antiamericanos na cidade de Peshawar (noroeste). No distrito de Dir Uper, um manifestante foi morto e dois ficaram feridos em um tiroteio com a polícia.

Após o recebimento de queixas, o Google bloqueou o acesso ao vídeo no Egito, Índia, Indonésia, Líbia e agora na Malásia, enquanto o governo restringiu o acesso ao YouTube no Afeganistão.

Na véspera, o chefe do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, pediu uma semana de protestos no Líbano.

Nasrallah descreveu o filme como "o pior ataque contra o Islã" e chamou "o mundo inteiro a mostrar sua raiva e seus gritos, na segunda-feira e nos dias seguintes", em um discurso transmitido pela Al-Manar, a TV do Hezbollah.

A Al-Qaeda na Península Arábica também convocou ataques contra missões diplomáticas dos Estados Unidos no Oriente Médio e na África, e contra os interesses americanos no Ocidente.

Centenas de estudantes se reuniram nesta segunda-feira no Iêmen, onde pediram a expulsão do embaixador americano, convocaram um boicote de produtos americanos e condenaram a presença de marines para proteger a embaixada, disse um jornalista da AFP.

Enquanto isso, cerca de 3.000 filipinos muçulmanos reunidos na praça da cidade Marawi, no sul das Filipinas, queimaram bandeiras americanas e israelenses para expressar sua raiva contra o filme anti-islã.

Os Estados Unidos retiraram do Sudão e de Túnis seus diplomatas e recomendaram a seus cidadãos para não viajar a estes dois países.