Jornal Estado de Minas

Líbia homenageia embaixador americano morto em Benghazi

AFP
A Líbia homenageou nesta quinta-feira o embaixador Chris Stevens e os três outros americanos mortos no ataque contra o consulado dos Estados Unidos em Benghazi (leste), onde a população se preparava para protestar na sexta-feira contra o extremismo e as milícias armadas. Em Trípoli, uma cerimônia de homenagem foi organizada pelas autoridades em memória dos quatro americanos e na presença do secretário de Estado adjunto americano William Burns, dos mais altos funcionários líbios e de representantes das missões diplomáticas e de organizações internacionais. Burns prestou homenagem a um "formidável colega e a um formidável embaixador". "Ele acreditou na Líbia. Ele acreditou em vocês", disse, ressaltando os "desafios temíveis" que a Líbia enfrenta. "Os últimos incidentes vão aumentar a disposição das autoridades envolvidas em prender e julgar os responsáveis e de reforçar a segurança das missões diplomáticas", afirmou o presidente da Assembleia Nacional, Mohamed al-Megaryef. Chris Stevens e outros três americanos morreram no dia 11 de setembro no ataque ao consulado de Benghazi, atribuído a manifestantes revoltados contra o filme islamófobo "A inocência dos muçulmanos", uma produção amadora de baixo orçamento produzida e filmada nos Estados Unidos. Mas as autoridades líbias e americanas não descartaram a hipótese de um ataque planejado, podendo até envolver a rede Al-Qaeda. Nesta quinta-feira, o porta-pvoz da Casa Branca, Jay Carney, classificou o ataque de "terrorista", e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou uma investigação sobre as circunstâncias do fato. O diretor de combate ao terrorismo americano já havia classificado na quarta-feira o ataque de "terrorista", considerando que havia sido praticado "de maneira oportunista". "Pela salvação de Benghazi" Em Benghazi, berço da revolução que derrubou o regime de Muamar Kadhafi em 2011, grande parte da população denunciou o ataque e homenageou Stevens, um dos primeiros diplomatas a ir à cidade quando ela ainda estava sob a ameaça das forças pró-Kadhafi. A entrada do consulado americano em Benghazi, destruída pelo ataque, foi enfeitada com guirlandas, flores e cartazes com homenagens a Stevens. "Benghazi o amou e ele amou Benghazi", afirma Mohammed Ari, um segurança do hotel Tibesti, ainda chocado com a morte do embaixador que saía de bermuda para se exercitar durante as primeiras semanas da revolução. Os vizinhos do consulado, como Ali Warfalli, lembram-se também da simplicidade do diplomata, que nunca perdia sua corrida matinal ou uma oportunidade de saudar os moradores do bairro. O ataque ao consulado é um exemplo do aumento do poder de grupos islamitas radicais na Líbia, beneficiados pela instabilidade no país e pela incapacidade das novas autoridades em afirmar sua autoridade. Muitas áreas estão sob controle de milícias de ex-rebeldes fortemente armados. Ele causou o descontentamento da população, principalmente em Benghazi, cenário nos últimos meses de diversos ataques contra alvos ocidentais e de assassinatos de autoridades de segurança. Os habitantes da cidade se preparam para um protesto na sexta-feira pela "salvação de Benghazi". Os organizadores prentendem denunciar o extremismo e a violência e exigir a substituição das milícias por um Exército e uma polícia nas tarefas de segurança. O grupo salafista Ansar al-Sharia, acusado pela população pelo ataque ao consulado, convocou uma manifestação para o mesmo horário em defesa do profeta Maomé, suscitando temores quanto à realização pacífica das manifestações.