Depois da que provavelmente tenha sido a sua pior semana na campanha pela Casa Branca, a equipe de Mitt Romney joga tudo, insistindo que o candidato republicano poderá se recuperar para 6 de novembro.
No momento em que as pesquisas mostram o presidente Barack Obama com vantagem em estados-chave, o candidato realizou pelo menos cinco eventos para arrecadar fundos desde sexta-feira passada, sem realizar um só ato público.
Os assessores de Romney explicam a pausa como um vai-vem habitual da política, insistindo que sua estratégia está orientada para novembro.
"A disputa está muito apertada", disse à AFP um de seus principais assessores, Kevin Madden, enquanto milhares de simpatizantes se reuniam na Flórida para um ato na quinta-feira.
"Esta não é uma eleição que será vencida ou decidida agora em setembro. Em último caso, vai ser decidida em novembro, e é lá que devemos nos focar", disse.
Os observadores, incluindo muitos republicanos, dizem que o candidato de seu partido colocou a si mesmo em uma situação difícil quando foi divulgado um vídeo filmado com uma câmera escondida durante um almoço de arrecadação de fundos no qual desprezava 47% do eleitorado, que vota pelos democratas, supostamente por serem dependentes do governo.
De acordo com observadores, Romney já estava em um momento de controle de danos por uma declaração em que havia acusado Obama de ser simpatizante de manifestantes islamitas, feita algumas horas antes da morte de quatro diplomatas na embaixada na Líbia.
Depois, os comentários de Romney no vídeo desencadearam a pior tempestade de sua campanha.
Alguns dizem que Romney tem pouco a perder ao se lançar como um candidato a favor da recuperação, e não da dependência, e marcar um forte contraste entre ele e Obama.
"Não sei se é realmente uma mudança de rumo", disse um colaborador ligado a Romney. "Ele tem falado destas coisas durante muito tempo", explicou.
Colocar o foco na economia
Um dos principais membros da equipe disse que não houve "nervosismo" no círculo mais próximo a Romney, apesar de um artigo publicado no domingo passado indicando uma grande desordem, que teria suscitado o anúncio de Tim Paelenty, na quinta-feira, de que estava renunciando à co-presidência da campanha.
"Veja, tivemos no mínimo duas minicontrovérsias por mês", disse um integrante da equipe de campanha.
A estratégia, segundo explicou, é superá-las e "colocar o foco, como um raio laser, na economia", o forte de Romney.
Romney planeja se concentrar nos estados-chave que poderão decidir a eleição. Os principais são a Flórida e Ohio, imprescindíveis para Romney e nos quais Obama lidera as pesquisas atualmente.
O candidato republicano dedicou várias horas por dia nos últimos finais de semana com o objetivo de treinar para os três debates que fará com Obama em outubro.
Mas afiar a mensagem e vendê-la aos eleitores pessoalmente é uma estratégia fundamental na política americana, e alguns republicanos temem que Romney esteja fazendo as coisas de forma errada.
"Acho que há um sentimento amplo e crescente entre os republicanos que as coisas estão saindo do controle de Romney", escreveu em sua coluna no Wall Street Journal Peggy Noonan, ex-escritora dos discursos de Ronald Reagan.
Isso foi no início da semana. Nesta sexta-feira, ela elevou o tom das críticas, apresentando a campanha como uma "calamidade ambulante", repercutindo as críticas de outros conservadores.
Ainda nesta sexta-feira, diante de uma crescente pressão, a equipe do republicano anunciou uma informação que dificilmente ajudará Romney. Sua declaração de imposto de renda de 2011 foi divulgada, mostrando que 14,1% de sua renda de 13,6 milhões de dólares anuais foram gastos em impostos.
Em comparação, Obama ganhou 789.674 dólares em 2011 e pagou 172.074 dólares em imposto de renda, o que equivale a uma taxa efetiva de 20,5%.