O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse nesta segunda-feira que Israel poderá realizar uma retirada militar "unilateral" da Cisjordânia se as negociações de paz com os palestinos permanecerem em impasse, ao afirmar em comentários que são necessários "passos concretos" para ressurgir o processo de paz. As declarações de Barak levaram a atenção para a situação de impasse entre Israel e os palestinos. Em Israel, o assunto ficou totalmente em segundo plano, com o foco no programa nuclear iraniano.
É improvável que a proposta de Barak seja implementada, pelo menos a curto prazo. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, não tem mostrado nenhum interesse em concessões e sua coalizão de governo é comandada pela linha-dura. O escritório do premiê não quis comentar as declarações de Barak.
Atualmente, cerca de 2,5 milhões de palestinos vivem na Cisjordânia. O território foi ocupado na Guerra dos Seis Dias em 1967, bem como Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza. Em 2005, Israel realizou uma retirada unilateral da Faixa de Gaza. Atualmente, cerca de 300 mil israelenses vivem como colonos na Cisjordânia, bem como outros 200 mil israelenses que vivem em Jerusalém Oriental.
Os israelenses que defendem a retirada citam os números e o fator demográfico como um motivo para deixar o território palestino. Até mesmo Netanyahu, que é do partido Likud (direita e nacionalista) levantou preocupações com a questão demográfica. Mas na prática tem apoiado a construção e expansão dos assentamentos.
"Chegou a hora de tomarmos decisões não apenas na ideologia ou nos sentimentos, mas a partir de uma leitura fria da realidade", disse Barak. Ele defende que Israel não se retire unilateralmente de toda a Cisjordânia, mas mantenha "bolsões" de assentamentos com população mais adensada e ao lado de Israel como parte do território israelense. Barak também disse que Israel precisará manter alguma presença militar na fronteira com a Jordânia, mesmo após uma eventual retirada da Cisjordânia.