Milhares de indignados espanhóis protestaram na noite desta terça-feira em torno do Congresso em Madri, transformado em uma fortaleza por trás de uma barreira policial reforçada, para denunciar uma democracia sequestrada e sujeita aos mercados financeiros.
Durante a manifestação foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais, que, com golpes de cassetetes, tentavam dispersar as pessoas que forçavam a barreira das forças de segurança, indicou uma jornalista da AFP. Pelo menos três manifestantes foram detidos e um ficou ferido.
"Mãos ao ar, isto é um assalto", gritava a multidão diante dos policiais e suas barreiras erguidas nas ruas que levam ao Congresso, bradando as palavras de ordem dos protestos que se repetem contra a política de austeridade do governo conservador.
"Não aos privilégios políticos", "Democracia econômica", estava escrito nos cartazes.
Várias organizações e movimentos de indignados convocaram esta manifestação através das redes sociais.
"Eles roubaram nossa democracia. Nós perdemos a liberdade, o nosso Estado social, com os cortes na saúde e na educação. Tenho duas filhas e este ano eu tive que pagar muito mais por seus estudos", explicou Soledad Nunez, uma comerciante de 53 anos que veio do norte da Espanha.
Esta manifestante carregava dois cravos vermelhos e um cartaz com as palavras: "Você realmente acha que cruzando os braços vai resolver alguma coisa?"
"Se não há consumo, não posso vender", acrescenta, contando que os clientes são cada vez mais raros na loja por causa das medidas de austeridade que minam o poder de compra dos espanhóis.
"A democracia foi sequestrada. Em 25 de setembro vamos salvá-la", declara o manifesto de uma das organizações que convocou o protesto em seu site, Coordinadora #25S.
A Espanha recebe um plano de ajuda europeu para os seus bancos em dificuldades desde junho e paga o preço com medidas de austeridade históricas para reduzir seu déficit público. Estas medidas adotadas pelo governo conservador em dezembro têm causado profundo descontentamento.
"Uma série de medidas foram adotadas por decreto, sem que tivessem passado pelo Congresso", denunciou um porta-voz da Coordinadora #25S.