Dois dias antes de o presidente Mahmoud Abbas pedir a elevação do status da Autoridade Nacional Palestina (ANP) para o de Estado observador, em vez de apenas "entidade" observadora, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, a presidente Dilma Rousseff e o colega norte-americano, Barack Obama, defenderam a criação de um Estado palestino soberano. Discursando perante a 67ª Assembleia Geral, o trio assegurou que o desenvolvimento de uma nação independente e vizinha a Israel é a única solução para o conflito. Na condição de Estado observador, a ANP teria a possibilidade de acionar os tribunais internacionais para decidir pendências com Israel. A elevação do status tem de ser aprovada pela maioria dos 193 países-membros.
Dilma, que fez o discurso de abertura, reiterou a posição defendida em 2011, quando declarou o reconhecimento da Palestina como membro pleno. Obama, que subiu ao púlpito em seguida, afirmou que o futuro não deve pertencer a quem virar as costas para a perspectiva de paz na região. Em mensagem que pareceu endereçada ao Irã, o presidente americano pediu que sejam deixados para trás "aqueles que prosperam em conflitos, que rejeitam o direito de Israel de existir". E arrematou: "O caminho é difícil, mas o destino é claro: um Estado judeu de Israel, seguro, e uma Palestina independente e próspera".
Saree Makdisi, autor do livro Palestine inside out: An everyday occupation (Palestina às avessas: uma ocupação diária, em tradução livre), é mais pessimista: "A porta para a solução de dois Estados foi fechada há muito tempo. Há mais de 500 mil judeus ilegalmente colonizando a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, e a possibilidade de um Estado palestino com território contínuo foi destruída pela ocupação israelense". Para ele, o único modo de alcançar paz duradoura na região é a criação de um Estado único, democrático e secular, para os dois povos, que inclua os cidadãos exilados e trate a todos igualmente.
Segundo Leah Soibel, da organização não governamental The Israel Project, em Jerusalém, o governo de Israel é a favor do estabelecimento de um Estado palestino independente, criado por meio de acordos bilaterais. A pesquisadora não considera que a questão dos assentamentos seja o principal obstáculo para a paz entre os dois povos, mas sim a "falta de vontade" palestina de ir à mesa de negociações sem condições predeterminadas, como o fim da ampliação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.