A Argentina e o Irã abriram negociação para tentar avançar na apuração e punição dos responsáveis pelo ataque a bomba que matou 85 pessoas na associação judia de Buenos Aires (Amia), em 1994. Os chanceleres Héctor Timerman e Ali Akbar, respectivamente, se reuniram ontem, na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, para discutir o assunto.
A justiça argentina acusa Teerã pelo atentado e aponta contra quatro funcionários públicos iranianos e um libanês. A Interpol emitiu mandato de prisão para os acusados em 2010. Um deles é o atual ministro de Defesa do Irã, Ahmad Vahidi. O governo de Mahmoud Ahmadinejad nega qualquer vínculo com o episódio.
Os chanceleres estabeleceram um cronograma de trabalho e já marcaram uma próxima reunião para o mês de outubro entre os representantes legais de seus respectivos ministérios de Relações Exteriores. Em nota distribuída à noite, a chancelaria argentina informou que "o processo não será interrompido até encontrar uma solução mutuamente acertada para todos os assuntos entre ambos os governos".
A abertura do diálogo entre Argentina e Irã preocupa o governo norte-americano, que tem se empenhado, junto com Israel, para isolar o Irã por causa de sua política nuclear. O presidente iraniano se defende da acusação de que estaria em busca de uma bomba atômica e diz que o uso da energia nuclear em seu país é para fins pacíficos. O presidente da associação judia, Guillermo Borger, afirmou que a aproximação dos dois países é arriscada porque considera "improvável e absolutamente desconfiável" a suposta intenção do Irã de querer esclarecer o caso.