Milhares de portugueses se manifestaram de novo neste sábado nas ruas de Lisboa contra a política de cortes lançada pelo governo de centro-direita, que prepara novas medidas para cumprir com seus compromisso internacionais. Os manifestantes se reuniram na Praça do Comércio, em pleno coração da capital, para protestar contra "o roubo dos salários e das pensões", atendendo à convocação da CGTP, a principal confederação sindical portuguesa.
A iniciativa da central, que recebeu o apoio do movimento dos Indignados e de um grupo de cidadãos que se proclamam apolíticos, apoiando-se em redes sociais, já mobilizou em 15 de setembro vários milhares de pessoas em cerca de 30 cidades do país.
Essa manifestação, expressão de um crescente protesto social, foi a mais importante realizada em Portugal desde que o país obteve, em maio de 2011, uma ajuda de 78 bilhões de euros por parte da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de um rigoroso plano de ajuste.
Para receber este resgate, Lisboa está empenhada em aplicar uma severa cura de austeridade, mas a recessão econômica e o desemprego se agravaram, e o governo tem dificuldades de sanear as contas públicas. O déficit orçamentário se elevava em junho a 6,6% do PIB, uma cifra ainda muito longe do objetivo de 5% para a totalidade do ano, conforme Portugal acertou com seus credores internacionais. Para corrigir a tendência de aumento do déficit, o governo está estudando um controle maior dos gastos e um aumento e um aumento dos impostos sobre o patrimônio e o capital.