Jornal Estado de Minas

Dezoito guardas republicanos mortos na região de Damasco

AFP
"Vários soldados sírios morreram" na madrugada desta quinta-feira devido ao bombardeio da artilharia turca contra a região de Rasm al-Ghazal, próxima à cidade de Tall al Abyad, na fronteira entre Síria e Turquia, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
O Exército turco bombardeou posições sírias durante a madrugada e retomou o ataque na manhã desta quinta-feira em represália à morte de cinco civis em um povoado na Turquia por disparos provenientes do território sírio.

"Os disparos de artilharia foram retomados esta manhã (03H00 GMT de quinta)", disse um oficial turco, que pediu para não ser identificado.

Durante a madrugada desta quinta-feira, baterias da artilharia turca baseadas em Akçakale, na zona da fronteira, castigaram a região em torno do posto fronteiriço de Tall al Abyad, recente palco de combates entre tropas leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e rebeldes do Exército Sírio Livre.

A Turquia já havia bombardeado na quarta-feira objetivos na Síria para responder aos disparos de artilharia sírios que mataram cinco civis na região da fronteira comum, em um incidente que a ONU e os aliados de Ancara atribuíram ao regime em Damasco.

Esta escalada entre os dois vizinhos teve início na tarde de quarta-feira, quando disparos de morteiro atingiram Akçakale, matando cinco civis e ferindo outros dez, segundo o governador da província de Sanliurfa, Celalettin Guvenc.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, admitiu que o Exército bombardeou a Síria como represália pelo ataque a seu território.

Erdogan pedirá ao Parlamento turco que autorize operações militares do lado sírio na fronteira comum, segundo os meios de comunicação em Ancara.

A Constituição turca prevê que qualquer operação militar no exterior deve ser autorizada pelo Parlamento.

O embaixador de Ancara nas Nações Unidas, Ertugrul Apakan, pediu ao Conselho de Segurança que adote as "medidas necessárias" para deter "este ato de agressão por parte da Síria contra a Turquia".

Em carta dirigida ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao embaixador da Guatemala, Gert Rosenthal, que ocupa a presidência rotativa do Conselho de Segurança, Apakan afirma que o ataque "constitui uma violação flagrante do direito internacional, assim como uma violação da paz e da segurança internacionais". "A Turquia exige o fim imediato destas violações" e pede a adoção "das medidas necessárias para acabar com estes atos de agressão e para garantir que a Síria respeite a soberania, a integridade territorial e a segurança da Turquia".

A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, disse que os Estados Unidos estão "indignados com os disparos sírios contra o outro lado da fronteira (...) e lamentam as perdas de vidas humanas do lado turco".

Os países membros da Otan manifestaram sua solidariedade a Ancara em uma reunião de emergência convocada em Bruxelas: "a Aliança continua ao lado da Turquia e pede o fim imediato de tais atos agressivos contra um aliado e que o regime sírio ponha fim às flagrantes violações da lei internacional".

"O bombardeio mais recente que causou a morte de cinco cidadãos turcos e feriu muitos outros, constitui uma fonte de grande preocupação e é fortemente condenada por todos os aliados", acrescentou.

Mais cedo, o chefe da Otan, Anders Fogh Rasmussen, conversou com o ministro das Relações Exteriores turco, Ahmed Davutoglu, para expressar "sua forte condenação do incidente em Akcakale", disse um porta-voz.

O incidente é o mais grave entre os vizinhos desde junho, quando a Síria derrubou um caça turco causando a morte de duas pessoas da tripulação. Na ocasião, Ancara levou a questão à Otan.