Jornal Estado de Minas

Libertada blogueira cubana Yoani Sánchez

AFP
HAVANA - A blogueira cubana Yoani Sánchez e seu marido, Reynaldo Escobar, foram libertados nesta sexta-feira, após 30 horas de detenção por tentarem cobrir em Bayamo o julgamento do político espanhol Angel Carromero, informou a própria dissidente em sua conta no Twitter.
"Acabamos de ser libertados!! Foram 30 horas de prisão e muitas anedotas que contar", disse Sánchez na conta @yoanisanchez.

Sánchez e o jornalista Escobar foram detidos na noite de quinta-feira, em Bayamo, 750 km a leste de Havana, para onde viajaram para cobrir o julgamento de Carromero, que dirigia o veículo acidentado que matou os dissidentes Oswaldo Payá e Harold Cepero, em julho passado.

"Durante a detenção me recusei a comer e a beber qualquer líquido. O primeiro copo de água que tomei ao chegar em casa foi como fogo no esôfago", explicou Sánchez, 37 anos, fundadora do blog 'Generación Y'. "Obrigado a todos que levantaram sua voz e enviaram tweets para que pudéssemos voltar para casa".

O ativista opositor Elizardo Sánchez disse à AFP que "ao menos oito dissidentes foram detidos em Bayamo" durante o julgamento de Carromero, acusado de homicídio culposo e para quem a promotoria pede sete anos de prisão.

Carromero, de 26 anos e dirigente de Novas Gerações do Partido Popular, dirigia o veículo alugado que em 22 de julho bateu em uma árvore perto de Bayamo. No carro estavam Payá e o também opositor Harold Cepero (31 anos), ambos mortos no acidente, além do político sueco Jens Aron Modig, 27 anos, que retornou a seu país após a investigação policial.

Segundo as autoridades cubanas, o acidente ocorreu por excesso de velocidade em uma área da estrada que passava por reparos.

A morte de Payá, 60 anos, dirigente do opositor Movimento Cristão Libertação, vencedor do Prêmio Sakharov 2002 do Parlamento Europeu, teve grande repercussão internacional, incluindo uma mensagem de condolências do Papa Bento XVI.

Seus três filhos, Rosa María, Osvaldo e Reynaldo Payá, estão a postos a cerca de 100 metros do tribunal, onde disseram que as autoridades não os deixavam entrar no edifício para conversar com Carromero, constatou uma jornalista da AFP.

A família se nega a apresentar queixas contra Carromero, rejeita as conclusões periciais da polícia e solicita uma investigação imparcial do acidente com a particiação de especialistas internacionais.