Jornal Estado de Minas

Capriles, o advogado que sonhou derrotar Chávez

AFP

  - Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Henrique Capriles Radonski - deputado, prefeito e governador que jamais havia perdido uma eleição - conheceu a derrota neste domingo (7), para o presidente Hugo Chávez, ao final de uma disputa eleitoral histórica na Venezuela.

Capriles, 40 anos, que começou muito atrás nas pesquisas, conseguiu diminuir a distância depois de uma campanha frenética à presidência, que o levou a 280 localidades, em um ritmo de dois ou três cidades por dia, mas ao final desta maratona obteve 44,97% dos votos, contra 54,42% para Chávez.

"Eu não sou um candidato de cartazes, o magro é visto nas ruas", disse recentemente o candidato, de corpo atlético e voz rasgada, em clara referência a Chávez, de 58 anos, que foi forçado a diminuir o ritmo de aparições nas ruas devido à recuperação de um câncer diagnosticado no ano passado.

Fã de esportes, ele fez caravanas em automóveis e, por vezes, caminhadas, distribuindo apertos de mão e beijos.

Com discursos curtos e uma mensagem simples, baseada nos problemas cotidianos dos venezuelanos, Capriles se distanciou das questões ideológicas, até então uma obsessão da oposição, e foi capaz de despertar um entusiasmo crescente, que antes era visto apenas nas fileiras de Chávez.

Depois de vencer as primárias da oposição em fevereiro, com mais de 60% dos votos, evitou responder os ataques de Chávez e apresentou uma mensagem de inclusão frente ao discurso beligerante do presidente.

Diante de um modelo em que, segundo ele, "o Estado controla tudo", Capriles defendeu "combinar o Estado com a iniciativa privada, para que aqueles que estão na pobreza tenham a oportunidade de emprego e de não depender de recursos do Estado".

Filho de uma família rica e neto materno de judeus poloneses sobreviventes do Holocausto, mas que se define como cristão católico, Capriles é um advogado especializado em Direito Empresarial.

Começou sua carreira política cedo, quando aos 26 anos foi eleito deputado e presidente da extinta Câmara.

Em 2000, Capriles venceu a disputa pela prefeitura do município de Baruta, em Caracas, com o apoio do recém-criado partido Primeira Justiça, social-cristão, a qual ainda pertence.

Em 2004, foi reeleito prefeito, depois de passar quatro meses na prisão sob acusação de não responder a um ataque à embaixada de Cuba durante o golpe de Estado que afastou Chávez do poder por pouco tempo, em abril de 2002. Ele foi absolvido da acusação

Em 2008, tornou-se governador de Miranda (norte), contra uma das figuras mais poderosas do governo, o atual presidente da Assembleia Nacional e ex-militar que participou com Chávez na tentativa de golpe de 1992, Diosdado Cabello.

Como governador, foi reconhecido principalmente pelo trabalho que fez na educação, com a recuperação de colégios e planos para aumentar a matrícula escolar, assim como outros programas para a construção de casas populares e a promoção da saúde gratuita.