Henrique Capriles Radonski - deputado, prefeito e governador que jamais havia perdido uma eleição - conheceu a derrota neste domingo (7), para o presidente Hugo Chávez, ao final de uma disputa eleitoral histórica na Venezuela.
Capriles, 40 anos, que começou muito atrás nas pesquisas, conseguiu diminuir a distância depois de uma campanha frenética à presidência, que o levou a 280 localidades, em um ritmo de dois ou três cidades por dia, mas ao final desta maratona obteve 44,97% dos votos, contra 54,42% para Chávez.
"Eu não sou um candidato de cartazes, o magro é visto nas ruas", disse recentemente o candidato, de corpo atlético e voz rasgada, em clara referência a Chávez, de 58 anos, que foi forçado a diminuir o ritmo de aparições nas ruas devido à recuperação de um câncer diagnosticado no ano passado.
Fã de esportes, ele fez caravanas em automóveis e, por vezes, caminhadas, distribuindo apertos de mão e beijos.
Com discursos curtos e uma mensagem simples, baseada nos problemas cotidianos dos venezuelanos, Capriles se distanciou das questões ideológicas, até então uma obsessão da oposição, e foi capaz de despertar um entusiasmo crescente, que antes era visto apenas nas fileiras de Chávez.
Diante de um modelo em que, segundo ele, "o Estado controla tudo", Capriles defendeu "combinar o Estado com a iniciativa privada, para que aqueles que estão na pobreza tenham a oportunidade de emprego e de não depender de recursos do Estado".
Filho de uma família rica e neto materno de judeus poloneses sobreviventes do Holocausto, mas que se define como cristão católico, Capriles é um advogado especializado em Direito Empresarial.
Começou sua carreira política cedo, quando aos 26 anos foi eleito deputado e presidente da extinta Câmara.
Em 2000, Capriles venceu a disputa pela prefeitura do município de Baruta, em Caracas, com o apoio do recém-criado partido Primeira Justiça, social-cristão, a qual ainda pertence.
Em 2004, foi reeleito prefeito, depois de passar quatro meses na prisão sob acusação de não responder a um ataque à embaixada de Cuba durante o golpe de Estado que afastou Chávez do poder por pouco tempo, em abril de 2002. Ele foi absolvido da acusação
Em 2008, tornou-se governador de Miranda (norte), contra uma das figuras mais poderosas do governo, o atual presidente da Assembleia Nacional e ex-militar que participou com Chávez na tentativa de golpe de 1992, Diosdado Cabello.
Como governador, foi reconhecido principalmente pelo trabalho que fez na educação, com a recuperação de colégios e planos para aumentar a matrícula escolar, assim como outros programas para a construção de casas populares e a promoção da saúde gratuita.