Jornal Estado de Minas

Após debate, pesquisa indica empate de vices ao governo norte-americano

Debate agressivo entre os dois candidatos consegue expor muito sobre as plataformas e explicitar suas diferenças

- Foto: REUTERS/Michael Reynolds/POOL

Os candidatos a vice-presidente dos Estados Unidos, o congressista e republicano Paul Ryan e o atual vice-presidente Joe Biden, fizeram na noite da quinta-feira em Danville, estado do Kentucky, um debate mais agressivo que o primeiro realizado entre o presidente Barack Obama e o republicano Mitt Romney. Instigados por uma mediadora incisiva – a repórter Martha Raddatz, da rede de TV ABC –,Biden e Ryanrechearam suas respostas com detalhes das plataformas partidárias que as respostas dos cabeças de chapa jamais ofereceram. Ao fim do confronto, um grupo de eleitores indecisos monitorado pela TV CNN apontou empate. Já a pesquisa instantânea com um grupo maior deu empate técnico, com vantagem numérica para Ryan – 48% a 44%.


Analistas acreditam que o debate poderá não alterar a opinião de muitos eleitores. Na realidade, poderá fazer com que fiquem menos propensos a mudar de ideia. Mas democratas e republicanos têm muitos motivos para festejar seu desempenho e várias razões para acreditar que o outro lado está mais perdido do que nunca. Se os dois rivais chegaram a um empate – como parecem indicar pesquisas conflitantes realizadas depois do debate – isso conta como uma vitória para Biden e o presidente Obama, que precisa interromper o crescimento dos republicanos depois de seu apagado desempenho no debate da semana passada com Romney. "Se você tivesse de apontar um vencedor agora, eu diria que houve um empate", disse o professor de comunicações e orientador de debates David Steinber, da Universidade de Miami. "Mas um empate é vantagem para quem está no cargo."


O debate começou com temas pesados como a destruição do consulado norte-americano em Benghazi, no Leste da Líbia, o programa nuclear do Irã e o Oriente Médio. Os dois depois discutiram o programa de saúde Medicare do governo norte-americano, a previdência, a situação da economia e a geração de empregos. O experiente Biden, de 70 anos, parecia um pouco mais nervoso e várias vezes interrompeu o interlocutor. Biden rebateu várias críticas do republicano e lembrou pelo menos três vezes o comentário feito por Romney, de que "47%" dos norte-americanos não conduzem as próprias vidas e dependem do governo por se sentirem "vítimas".


Depois de discutir política externa, a mediadora direcionou o debate para a previdência e a economia. Biden criticou o plano dos republicanos para o Medicare e também o projeto para a previdência social. Biden disse que os republicanos planejam privatizar a previdência. Biden também defendeu a reforma de saúde parcialmente executada por Obama desde 2009. "Nós salvamos US$ 700 bilhões do Medicare" evitando fraudes e desperdícios com seguradoras de saúde, afirmou o vice-presidente. "Ele sabe disso, que cada paciente custava milhares de dólares a mais para o governo", disse Biden, falando para Ryan. O vice-presidente acusou Ryan e Romney de planejarem a privatização da seguridade social norte-americana.
Questionado sobre se iria privatizar a previdência, Ryan disse que o plano, na era do presidente George W. Bush, era privatizar a previdência "só para os jovens. Eles teriam a escolha", disse Ryan. O congressista republicano retirou o projeto do Congresso em 2011. "Não é verdade" que os jovens teriam escolha, disse Biden. Já Ryan criticou várias vezes a reforma da saúde, a qual chamou ironicamente de "Obamacare".


Obama elogiou Biden após o confronto com o republicano. Em um pronunciamento incomum, feito sob a asa do Air Force One (avião oficial da Presidência), Obama disse ter gostado especialmente da forte defesa que Biden fez à classe média. "Eu vou fazer um comentário especial, dizendo que acho que Joe Biden foi fantástico esta noite. E que eu não poderia estar mais orgulhoso dele", disse ao descer do avião na Base Aérea de Andrews, após uma viagem de campanha à Flórida.


Ontem, o presidente começou a preparação para o próximo debate com Romney, na terça-feira. Ele vai fazer simulações intensivas de três dias a partir de hoje. Assessores apostam que Obama será mais enérgico, depois das críticas recebidas de ter sido apático no confronto anterior. Romney fez uma pausa em sua campanha em Ohio, estado que visita desde terça-feira, para viajar à Virgínia. O republicano falou em Richmond sobre o debate. "Acho que concordarão comigo que só tinha uma pessoa no palco ontem à noite que foi atenta e respeitosa, firme e serena", afirmou Romney, em alusão a Ryan.