Denize Soares, a brasileira de 43 anos julgada na França por ter envenenado de seu marido, foi descrita nesta terça-feira por especialistas como uma mulher em "busca desenfreada pela ascensão social", e marcada "pelo abandono".
"Voluntariosa, combativa", se distingue por sua "poderosa vontade de ascensão social", por um comportamento "muito difícil de discernir" e pela "poderosa capacidade de sedução", disse o especialista em personalidade, Pascal Caluori, no segundo dia do julgamento.
A brasileira é suspeita de ter dado ao seu noivo Sebastien Brun, de 31 anos, doses mortais de cianureto e de ter desaparecido com seu corpo quando estavam de férias no Brasil, em agosto de 2004.
"De acordo com os depoimentos, é uma grande trabalhadora, séria, de boa aparência e simpática", disse Caluori, baseando-se em três encontros com a acusada e nos testemunhos de amigos.
Passando constantemente as mãos no rosto, com a cabeça inclinada, a brasileira ouviu impassível as observações do especialista, antes de responder às perguntas que este fez sobre o seu amor por Brun e por seus dois filhos, uma menina de um relacionamento anterior e um menino nascido da união com Brun e que tem atualmente 9 anos.
"Amava Sebastien, sim, amava Sebastien. Vocês não sabem o que sofri por estar separada de meus filhos", declarou com segurança a mulher.
Denize, filha de pescador, mencionou aos especialistas uma infância "difícil" devido aos problemas econômicos da família e aos conflitos entre seu pai "mulherengo", "macho", e sua mãe, "que aceitava as traições de seu marido, mesmo sofrendo por isso".
Deixada aos 9 anos com uma família católica, a jovem, que "não suportava sua condição de empregada", abandonou sua casa aos 15 para viver com uma tia e largou a escola para trabalhar como vendedora, indicou Caluori.
Em 1990, foi viver em Grenoble com Olivier, francês que tinha acabado de conhecer no Brasil, casando-se com ele e dando à luz uma filha em 1996. Eles se divorciaram dois anos depois.
"Tinha uma vida sentimental muito agitada, caracterizada por muitas relações e rompimentos", disse o especialista.
De temperamento "instável, capaz de uma desconcertante ingenuidade", segundo o psiquiatra Michel Daumal, Denize Soares relatou nas conversas que tiveram que "por nada no mundo aceitaria viver o que a mãe aguentou" e não "suportaria que um homem se comportasse como seu pai com a família".