Uma delegação do governo da Colômbia chegou nesta quarta-feira a Oslo para dar início ao diálogo com a guerrilha das Farc, visando acabar com o longo conflito interno no país, indicou à AFP uma fonte próxima à delegação.
Nenhuma indicação sobre a delegação das Farc, que partiu na terça de Havana, foi revelada até o momento.
Após o fracasso de três tentativas em 30 anos, a última em 2002, as duas partes devem oficialmente lançar o processo de paz nesta quinta-feira, em um hotel próximo a Oslo, com a "instalação pública" da mesa de diálogo e uma coletiva de imprensa.
Segundo os poucos detalhes revelados sobre a agenda, está previsto para esta manhã, em um local secreto, uma reunião para discutir temas logísticos.
Noruega e Cuba, onde as negociações devem prosseguir após o pontapé inicial, agem como fiadores do processo de paz da Colômbia, enquanto Venezuela e Chile apoiam as negociações.
Para conversações eficientes e seguras, os negociadores estão cercados por extrema discrição.
Os representantes das Farc, liderados pelo número dois da organização, Ivan Marquez, pegaram o avião no mesmo dia, partindo de Havana.
Os negociadores viajaram com um atraso aparentemente devido às condições climáticas, e também por contratempos na retirada dos mandatos de prisão internacionais contra os delegados das Farc.
A escolha dos guerrilheiros de incluir na delegação no último momento uma rebelde de nacionalidade holandesa, Tanja Nijmeijer, também pode atrasar o processo.
Essa mulher de 34 anos, que se juntou aos rebeldes na década de 2000 após estudar na Colômbia, foi acusada do sequestro em 2003 de três americanos empregados por uma empresa de segurança, o que fez com que se tornasse procurada pela justiça americana.
Segundo as Farc, as autoridades colombianas finalmente aceitaram que "Alexandra", seu nome de guerra, fizesse parte da delegação, mas ela deve participar apenas da segunda etapa das negociações, em Cuba.
Será na ilha que as duas partes vão abordar as questões mais sensíveis do conflito: o desenvolvimento rural, a participação na vida política dos futuros movimentos que devem surgir da rebelião, o fim definitivo das hostilidades, o tráfico de drogas e a situação das vítimas.
Um cessar-fogo, rejeitado pelo presidente colombiano Juan Manuel Santos antes de um acordo final, também deve ser colocado sob a mesa pelas Farc, a mais antiga guerrilha da América Latina.
Por sua vez, o ex-presidente Alvaro Uribe, que adotou uma linha dura durante seu mandato (2002-2010), expressou sua preocupação com as negociações. "Não posso compreender que o futuro do país seja negociado com o terrorismo", declarou em uma entrevista ao jornal espanhol ABC.
Fundada em 1964 durante uma insurreição campesina, as Farc, a principal guerrilha colombiana, está atualmente enfraquecida após a morte de vários líderes.
Em dez anos, o número de combatentes caiu pela metade, até 9.200, de acordo com as autoridades.