Jornal Estado de Minas

Venezuela expulsará diplomatas paraguaios

Agência Estado
O governo da Venezuela expulsará os diplomatas do Paraguai, aos quais teria dado um prazo de 72 horas para deixarem seu território, disse nesta quarta-feira o encarregado de negócios na Embaixada do Paraguai em Caracas, Victor Casartelli. A relação entre os dois países já estava estremecida desde junho, quando o Congresso do Paraguai destituiu o então presidente Fernando Lugo e nomeou o vice, Federico Franco, para o cargo. O Paraguai então retirou seu embaixador de Caracas e a relação diplomática foi rebaixada para o nível de chargé d'affaires (encarregado de negócios). O Paraguai vetou a entrada da Venezuela no Mercosul, mas a adesão de Caracas ao bloco foi autorizada pelos presidentes da Argentina, Brasil e Uruguai. O Paraguai foi suspenso do bloco após a destituição de Lugo.
"Na terça-feira, recebi uma chamada do vice-ministro para Assuntos Latino-americanos e do Caribe. Uma funcionária me disse que tínhamos 72 horas para abandonar o país", disse Casartelli à emissora de rádio Primero de Marzo de Assunção. Casartelli disse que os quatro diplomatas paraguaios que estão em Caracas "não têm nada por escrito" do governo venezuelano exigindo a saída, mas afirmou que deixarão a Venezuela em breve.

O chanceler do Paraguai, José Félix Fernández, anunciou que seu país está "em tratativas com um país amigo para que cuide dos bens da nossa embaixada. O governo da Venezuela tem uma forma peculiar de encarar as relações internacionais, mas isso eu não julgarei. O Paraguai tem outro estilo nas suas relações diplomáticas". Fernández disse que o Paraguai não pode controlar "os atos de outros governos que não se ajustam ao direito internacional", em referência à Venezuela.

O governo da Venezuela não fez nenhum comentário sobre a possível expulsão. Na semana passada, após vencer as eleições presidenciais, o presidente venezuelano Hugo Chávez nomeou o chanceler Nicolás Maduro para o cargo de vice-presidente, a ser exercido a partir de janeiro de 2013. Maduro foi acusado pelo atual governo paraguaio de tramar um golpe de Estado contra Franco, enquanto o Senado paraguaio destituía o ex-presidente Lugo em junho. Embora tenha condenado em termos fortes a destituição, Maduro negou ter contactado militares paraguaios para que Franco fosse preso. Maduro foi proibido pelo novo governo paraguaio de entrar no país.

Desde 2006, o Congresso do Paraguai barrava a adesão da Venezuela ao Mercosul. Agora, o Paraguai está suspenso do bloco até abril de 2013, quando realizará eleições presidenciais.