A Irmandade Muçulmana, atualmente o movimento político mais forte do Egito, elegeu nesta sexta-feira um ex-líder do Parlamento como seu novo chefe, Saad el-Katatny, que deverá substituir Mohammed Morsi, eleito presidente do país neste ano. El-Katatny foi líder do Parlamento até a casa ser dissolvida pelo governo militar do Egito no começo deste ano. Ele é considerado da chamada "linha-dura" do Partido da Liberdade e Justiça, o braço político da Irmandade. El-Katatny recebeu 581 votos, derrotando o vice-líder do grupo, Essam el-Erian, que obteve 283 votos.
O partido foi criado pela Irmandade logo após a queda de Mubarak que governou autoritariamente o Egito durante quase 30 anos, até fevereiro do ano passado. A Irmandade sofreu durante anos com a repressão de Mubarak. El-Katatny é considerado próximo à facção mais conservadora do grupo, liderada pelo financista Khairat el-Shater, o qual era a principal aposta da Irmandade para as eleições presidenciais, mas teve a candidatura desclassificada pela Justiça Eleitoral. Mesmo assim, o Partido da Justiça e Liberdade venceu as eleições com Morsi.
El-Erian é visto como mais liberal e aberto ao diálogo com os seculares. Mas a visão política entre os dois candidatos internos tem diferenças mínimas, segundo os críticos. "A Irmandade não tem mais duas alas, no momento ela tem apenas uma e ela é conservadora", disse Mohammed Osman, ex-partidário da Irmandade que rompeu com o grupo. "No final das contas, El-Erian e El-Katatny são a mesma coisa", disse Osman.
O partido, contudo, está sob fortes críticas dos seculares, liberais e cristãos coptas, que acusam a Irmandade e seu braço político de tentarem escrever uma Constituição islamita para o Egito.