O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, insistiu nesta segunda-feira que quer visitar a prisão de Evin, perto de Teerã, uma dia após o judiciário iraniano rejeitar o pedido que ele fez para visitar a cadeia. Ahmadinejad disse no domingo que queria inspecionar as penitenciárias do Irã. Mas o porta-voz do judiciário iraniano, Gholam Hossein Mohseni Ejeie, sugeriu que existe uma "dimensão política" no pedido presidencial. Segundo ele, "nessa situação, não é conveniente" que Ahmadinejad visite Evin, a maior penitenciária em Teerã.
Mohseni Ejeie sugeriu que o interesse de Ahmadinejad em Evin está ligado a "uma pessoa do governo que está na prisão" - o ex-chefe da agência estatal de notícias Irna e ex-assessor de imprensa de Ahmadinejad, Ali Akbar Javanfekr. O jornalista foi detido em setembro, quando Ahmadinejad estava em Nova York participando da Assembleia Geral das Nações Unidas, sob acusações de desrespeitar o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, e também por atentar contra a moral e os bons costumes (locais) ao sugerir em artigo que as mulheres não deveriam usar véus. Essas opiniões teriam sido manifestadas em um artigo em uma revista estatal.
Ejeie também questionou a razão de Ahmadinejad querer visitar Evin pela primeira vez em sete anos como presidente só agora, no final do mandato e quando seu ex-assessor está preso, e não antes.
A recusa do judiciário coloca mais uma vez em evidência o desgaste de Ahmadinejad, que termina o mandato em 2013 e não pode se reeleger. Além disso, ele perdeu poder após uma disputa com Khamenei sobre nomeações para cargos. O judiciário é controlado pela linha-dura, partidária de Khamenei.
Na penitenciária de Evin estão detidos muitos presos políticos. Construída em 1972, na época do xá (imperador) Reza Pahlevi, a prisão de Evin chegou a abrigar milhares de presos comuns e políticos. Execuções ocorreram no local, tanto antes quanto depois da Revolução Iraniana de 1979.