De acordo com a especialista em Síria Bessma Momani, da Universidade de Waterloo (Canadá), o decreto presidencial que exclui "terroristas" da anistia é uma maneira de Al-Assad mostrar que ainda tem poder. “A iniciativa não vai beneficiar praticamente nenhum preso da oposição. Ela servirá para dar espaço nas cadeias a novos presos políticos”, explicou, ao lembrar que o sistema penitenciário sírio sofre superlotação. Momani ressaltou que é possível um aumento da criminalidade e da situação caótica no país, caso assaltantes e estupradores ganhem liberdade.
O norte-americano Howard Eissenstat, especialista em Oriente Médio pela Universidade St. Lawrence (em Canton, Nova York), acredita que Al-Assad faz uma “vitrine” destinada a parecer razoável à audiência internacional. “Poucas pessoas ganharão a anistia na prática e isso não fará nada para acabar com a brutal guerra civil no país. O regime de Al-Assad pode estar esperando recrutar ex-presidiários para suas milícias”, estimou. O cientista político ressalta que a última jogada do governo não pode distrair a população dos maiores problema do país: a guerra e suas consequências. De acordo com a ONU, desde o início da insurgência mais de 30 mil pessoas foram mortas nos enfrentamentos e 2,5 milhões foram deslocadas de suas casas.
Atentados O Exército sírio realizou vários ataques ontem em Aleppo, Damasco e nas regiões rurais do país. Até o fechamento desta edição, 137 pessoas tinham sido mortas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos – incluindo 90 civis desarmados, sendo 12 crianças, 23 rebeldes e 24 soldados. As ofensivas diminuem a esperança da implementação do cessar-fogo solicitado por Brahimi a Al-Assad, previsto para começar amanhã, no feriado muçulmano do Eid al-Adha.