O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi foi condenado nesta sexta-feira a quatro anos de prisão por fraude tributária e teve os direitos políticos cassados por cinco anos. A cassação dos direitos políticos praticamente exclui Berlusconi, de 76 anos, dos cargos públicos na Itália. A sentença de quatro anos de prisão foi comutada para um ano de prisão, informou a agência italiana Ansa. Berlusconi também foi proibido de exercer durante três anos o comando do seu conglomerado midiático e financeiro, a Mediaset, que engloba canais de televisão, a editora de livros Mondadori, a maior do país, a revista Panorama e empresas financeiras.
Tanto Berlusconi quanto Confalonieri negaram que tenham cometido irregularidades. O magnata não estava hoje no tribunal, mas emitiu comunicado no qual disse que a decisão é "absurda e incrível".
Segundo a Ansa, foram realizadas uma série de evasões fiscais no grupo Mediaset desde 2000. Citando o tribunal, a agência informou que o sistema, escreveram os juízes, foi montado para realizar uma "evasão notável": em 2000, foram 17,5 bilhões de liras italianas; em 2001, quando a Itália já usava o euro como moeda, foram 6,6 milhões de euros; em 2002, 4 milhões; e em 2003 2 milhões de euros. Os juízes ouviram o depoimento de uma testemunha, a qual confirmou um sistema "para finalidades evidentes de evasão fiscal". "Houve a participação pacífica e direta de Silvio Berlusconi", no "desenvolvimento do sistema" que permitiu "a participação de empresas no exterior" em várias sociedades empresariais, em "um contexto mais geral de recurso (uso) de sociedades offshore".
Berlusconi deverá ficar em liberdade até que os processos de apelação sejam exauridos. No começo dessa semana, o magnata disse que não concorrerá às eleições legislativas de abril de 2013, aumentando a pressão sobre seu partido, o Povo da Liberdade (PDL, na sigla em italiano) para que escolha um novo líder para a centro-direita. A popularidade do PDL caiu de 37% do eleitorado em 2008, quando Berlusconi venceu as eleições, para cerca de 20% atualmente. O PDL foi abalado por vários escândalos locais de corrupção, nas importantes regiões do Lácio onde fica Roma, e na Lombardia, cuja capital é Milão.
Berlusconi também é processado em outro caso na Justiça de Milão na qual é réu por ter favorecido a prostituição de menores e por abuso de poderes quando era premiê. Nesse outro caso, ele teria pago para fazer sexo com Kharima el-Marough, uma marroquina que tinha 17 anos quando frequentou as festas na mansão do ex-premiê em Arcore em 2010. Berlusconi nega ter pago por sexo e disse recentemente que as festas em Arcore eram jantares civilizados, onde as pessoas conversavam sobre "política, atualidades e esportes".