O presidente Barack Obama chegou ao poder com o lema da esperança, mas agora, ao buscar um novo mandato de quatro anos no dia 6 de novembro, deve equilibrar o desencanto de um número de eleitores que depositaram nele sua confiança em 2008 e seu desejo de seguir representando a mudança.
"Mas se vocês seguirem almejando esta visão dos Estados Unidos que temos no coração, a mudança virá", insiste Obama em meio a uma corrida muito disputada em direção à Casa Branca, testemunho de um eleitorado decepcionado após sofrer a pior crise econômica desde a década de 1930.
Barack Hussein Obama, filho de um queniano e de uma americana, foi lançado ao cenário político na convenção democrata de 2004, em Boston, com um discurso vibrante e apaixonado no qual expôs sua visão de uma política de consensos que seduziu o país.
Nascido no Havaí em 1961 e criado por alguns anos na Indonésia, foi por sete anos representante do empobrecido sul de Chicago no Senado de Illinois (norte). Em 2005, foi eleito para o Senado americano e, graças ao seu carisma e a sua eloquência, tornou-se o queridinho dos meios de comunicação.
Quatro anos mais tarde, coroou sua ascensão meteórica ao se instalar, aos 47 anos, na Casa Branca com sua esposa Michelle e com suas duas filhas, depois de ter derrotado nas primárias democratas a favorita Hillary Clinton e nas presidenciais o veterano republicano John McCain.
Os Estados Unidos elegeram "a esperança acima do medo", disse Obama depois de prestar juramento no dia 20 de janeiro de 2009 diante de cerca de duas milhões de pessoas reunidas no centro de Washington.
Neste mesmo ano, e talvez pelas expectativas geradas em todo o mundo, Obama foi premiado com o Nobel da Paz, um prêmio questionado por muitos e que deixou o próprio presidente pouco à vontade.
Mas o exercício do poder resultou ser, por vezes, frustrante para este advogado e professor de Direito Constitucional graduado em Harvard, sobretudo desde que a Câmara de Representantes foi conquistada no fim de 2010 pelos republicanos, defensores dos cortes de gastos sem aumento de impostos.
As disputas com os republicanos provocaram incessantes batalhas, que chegaram, inclusive, a colocar os Estados Unidos à beira de um default em 2011, o que custou ao país uma inédita degradação da nota de sua dívida soberana.
Credenciais respeitáveis
Ao pedir novamente os votos de seus compatriotas, Obama pode mostrar um balanço respeitável, que inclui uma reforma do sistema de saúde que fornecerá proteção a 30 milhões de americanos adicionais, promulgada em 2010 e validada dois anos mais tarde pela Suprema Corte.
Após sua chegada ao poder, Obama lançou um plano massivo para reviver a economia, mas os republicanos afirmam que o desemprego, apesar de mostrar uma queda nos últimos meses, ainda é mais alto que no início da crise, enquanto a dívida federal continua escalando.
Além disso, Obama obrigou o setor automotivo a realizar uma dolorosa reestruturação e impulsionou uma reforma para controlar as atividades de Wall Street.
Embora tenha se convertido no primeiro presidente americano a apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e tenha colocado fim ao "tabu homossexual" no exército, não alcançou uma reforma migratória neste país onde vivem mais de 11 milhões de ilegais, nem uma transição para as energias "verdes".
Em política externa, Obama, que em 2002 ganhou notoriedade com um discurso contra a guerra no Iraque, cumpriu em 2011 com sua promessa de retirar os soldados americanos deste país. Em várias ocasiões, tentou estabelecer um diálogo com os muçulmanos, desafio não conquistado.
No Afeganistão, por sua vez, triplicou em menos de um ano o contingente militar, em uma tentativa de relançar a luta contra a Al-Qaeda, um esforço que também perseguiu no Paquistão, onde obteve sua vitória mais importante: a eliminação de Osama Bin Laden em maio de 2011.
Mas não conseguiu avançar no conflito entre israelenses e palestinos no contexto de uma "primavera árabe", que buscou encarar à distância, e de um aumento das tensões com o Irã por seu programa nuclear.
Se a chegada de um negro ao mais alto cargo da maior potência mundial, a 150 anos do fim da escravidão e a cinco décadas das lutas pelos direitos civis, foi classificada como um fato histórico, Obama se esforça para parecer uma pessoa comum.
O presidente é visto frequentemente jogando golfe, bebendo uma cerveja ou passeando com seu cachorro Bo, e tem como questão de honra interromper sua jornada de trabalho para jantar com sua esposa Michelle e com suas filhas Malia, de 14 anos, e Sasha, de 11.