O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o adversário republicano, Mitt Romney, fizeram ontem uma corrida frenética por uma série de estados decisivos, apresentando os argumentos finais aos eleitores no último dia de uma disputa extremamente acirrada pela Casa Branca. Depois de uma campanha longa, agressiva e cara, pesquisas nacionais de intenção de voto mostram Obama e Romney em empate técnico antes da eleição de hoje, apesar de Obama ter uma ligeira vantagem em oito ou nove Estados decisivos que vão resolver a disputa. Como as eleições nos EUA não são como as no Brasil, (o vencedor não é escolhido pelo número de votos, mas sim pelo colégio eleitoral), o resultado final do pleito só será conhecido em 17 de dezembro.
Eles percorreram milhares de quilômetros, gastaram bilhões de dólares e, principalmente, falaram a milhões de pessoas para convencê-las de que são donos do melhor projeto para o país mais poderoso do mundo. Hoje, a eles, só resta esperar. Depois da frenética agenda de campanha, o presidente democrata, Barack Obama, e seu adversário republicano, Mitt Romney, aguardam, em seus berços políticos, a definição do grande dia de votação nos Estados Unidos. Na programação reduzida de hoje, os dois visitarão o mesmo estado de Ohio – vedete na reta final da campanha. Romney também prevê uma ida à Pensilvânia.
Em Massachusetts, Romney votará com a mulher, Ann, na cidade de Belmont, às 8h45 locais (11h45 em Brasília). Ele viaja em seguida para os demais estados e retorna para acompanhar a apuração dos votos no Centro de Convenções de Boston. Romney é natural do estado de Michigan, mas foi governador de Massachusetts entre 2003 e 2007, onde tem residência. Obama e a primeira-dama, Michelle, aguardarão os resultados no Centro de Convenções McCormick Place, em Chicago (Illinois). Ele foi senador pelo estado entre 2005 e 2008, quando saiu candidato e tornou-se o primeiro presidente negro dos EUA. Ele a mulher já votaram antecipadamente, como é permitido em 32 estados.
Repetindo a maratona da reta final, o dia de ontem foi marcado pela corrida aos swing states. Obama visitou Wisconsin, Ohio e Iowa, enquanto Romney percorreu a Flórida, Virgínia, Ohio e New Hampshire. Apresentado pelo roqueiro e ativista Bruce Springsteen, Obama começou a campanha em Madison, no Wisconsin, defendendo porque merece mais quatro anos na Casa Branca. “Wisconsin, a essa altura, você já me conhece”, gritou a uma multidão. “Quando eu digo que sei o que é uma mudança real, você pode acreditar, porque me viu lutar por isso, e sabe que continuarei fazendo.”
Na Flórida, “mudança” foi o mesmo argumento do republicano. “Esta nação iniciará uma mudança para um amanhã melhor”, afirmou, para uma plateia de entusiastas. “Podemos começar um melhor amanhã com a ajuda do povo da Flórida. É exatamente isso que vai ocorrer”, reforçou. A Flórida é um dos poucos estados-chave onde o republicano apresenta leve vantagem nas pesquisas de intenção de voto, enquanto Obama mantém ligeira distância nos demais. Romney supera por um ponto Obama, segundo a última pesquisa do instituto Gallup, divulgada ontem. O republicano teria 49% dos votos contra 48% do democrata. Os institutos consideram, porém, que as diferenças estão dentro da margem de erro.
SUSPENSE
Vem da Flórida também um dos maiores fantasmas das eleições presidenciais norte-americanas. Com a disputa tão acirrada, o país pode ter de esperar, mais uma vez, por semanas até conhecer o vencedor. A eleição presidencial nos EUA é indireta e cada estado conta com um número de votos no Colégio Eleitoral, que somam 538. Para se tornar presidente, é preciso conquistar, no mínimo, 270 desses votos. Os delegados acompanham a votação popular de seu estado. Em 2000, em uma corrida à Casa Branca também apertada, a Suprema Corte decidiu a eleição a favor do republicano George W. Bush, depois de uma recontagem dos votos na Flórida (que tem 29 delegados). Apesar de ter ficado atrás do democrata Al Gore nos votos populares em todo o país, Bush levou os delegados da Flórida – a Justiça determinar sua vitória por 500 votos de diferença nesse estado.