Jornal Estado de Minas

Família paterna

Povoado de origem de Obama na África espera ansioso por resultado da eleição

Hotel transmite apuração ao vivo nesta terça-feira

AFP
O pai de Obama, Barack Hussein Obama Sr, está enterrado em Nyangoma Kogelo, a 430 km de Nairobi (Quênia), na África - Foto: REUTERS/Thomas Mukoya
Estrada pavimentada, eletricidade, água corrente... Em quatro anos, Kogelo, a cidade da família paterna de Barack Obama, mudou radicalmente de aspecto desde 2008, e a noite desta terça-feira promete ser longa para seus habitantes, que vão acompanhar ansiosos a eleição nos Estados Unidos para ver qual será o destino de seu ídolo americano.
Já na estrada que leva a Kogelo, que se encontra em meio a colinas e a 60 km do lago Victoria, uma placa convida as pessoas a ir ao Kogelo Village Resort, um dos principais hotéis do povoado, que vai transmitir ao vivo a noitada eleitoral.

"Vejam a eleição presidencial de 2012 num telão", afirma a propaganda. Apesar de a entrada mais barata custar cerca de 12 dólares - ou seja, o salário de um jornaleiro em uma semana -, muita gente está disposta a assistir à transmissão ao vivo das eleições.

"Vou ver as eleições durante toda a noite", afirma Mary Manyala Ohito, funcionária do setor sanitário. "Custa caro, mas vale a pena", acrescenta.

Também haverá um telão no pátio de uma escola próxima, mas poucos moradores terão acesso a essa transmissão.

"Houve muitas mudanças no povoado", afirma Dorothy Babu, que dirige o Kogelo Village Resort. "Agora temos água, eletricidade e um posto da polícia", explica. Mary Manyala Ohito também assinala a recente chegada ao povoado de moto-táxis e acha que o serviço médico melhorou.

No entanto, o aumento do número de turistas foi inferior ao que se previa em 2008. É difícil ver a pessoa mais popular do povoado, Sarah Obama, de 90 anos e terceira esposa do avô de Barack Obama, e não há muito mais coisas para visitar, enfatiza Babu.

Apesar de não ter nenhum vínculo biológico com ela, o atual presidente americano afirmou que considera Sarah Obama como sua avó. Por questões de segurança, Sarah Obama permanece fechada em sua casa, vigiada dia e noite pela polícia, e é impossível ter contado com ela.

"Estaremos em família, vendo todos juntos as eleições até que sejam anunciados os resultados", afirmou Said Hussein Obama, um tio de Barack. "Torcemos para que ele vença", acrescentou.

Há quatro anos, os amigos e parentes da família Obama em Kogelo receberam com cantos e danças sua eleição como primeiro presidente negro dos Estados Unidos, e o governo queniano declarou o dia feriado para celebrar o histórico evento.

"Isso mudará muitas vidas, não apenas aqui, mas em todo o mundo", afirmou Sarah Obama, depois da eleição em 2008.

Avó contribui com orações
- Foto: AFP PHOTO/Tony KARUMBA Sarah Obama, a avó paterna do presidente Barack Obama deixou nesta terça-feira a reclusão de sua casa, no povoado queniano de Kogelo, para falar por alguns minutos com a imprensa. "Eu rezo por ele, para que Deus o ajude", afirmou durante a coletiva de imprensa improvisada no jardim de sua casa.

"É uma disputa dura, por isso tenho rezado por ele. Se for a vez dele (vencer), Deus o deixará triunfar", acrescentu.

Sarah Obama, que fez 90 anos este ano, é a terceira esposa do avó paterno de Barack Obama. Ela não tem laços cosanguíneos com o presidente americano, mas ele a chama de "Mama Sarah" e a considera sua avó. Desde a eleição do neto, Sarah Obama vive sob proteção policial 24 horsa por dia. Kogelo é uma localidade em meio a colinas e a 60 km de Kisumu, a principal cidade no oeste do Quênia.