A notícia de que o ator francês decidiu Gérard Depardieu decidiu estabelecer residência na Bélgica, onde pagará menos impostos, provocou indignação e tristeza na França, onde muitos defenderam uma "harmonização" do fisco europeu.
A estrela de 63 anos é o mais recente de um clube de milionários franceses - incluindo Bernard Arnault, proprietário do grupo de luxo LVMH e homem mais rico da França - com residência fiscal na Bélgica, o que oferece grandes vantagens fiscais sem a necessidade de obter a nacionalidade belga.
"É triste porque é um grande ator", afirmou o prefeito socialista de Paris, Bertrand Delanoë, ao comentar a notícia de que Depardieu se mudou oficialmente para a cidade belga de Estaimpuis, no município de Néchin, onde os ricos expatriados representam 27% da população.
Estampuis fica a apenas um quilômetro da fronteira com a França e a 20 km da cidade de Lille.
"Dá vergonha", declarou Nathalie Artaud, porta-voz da organização trostkista Luta Operária, uma opinião compartilhada por muitos franceses a respeito dos compatriotas ricos que deixam o país para não pagar impostos sobre a fortuna.
"O pobrezinho (Depardieu) possui vinhedos, hotéis e fica incomodado de pagar um pouco de impostos", afirmou a dirigente de esquerda, que pediu uma "política de luta contra a evasão fiscal para obrigar (os ricos) a pagar o que devem".
Em outubro, os deputados franceses aprovaram um imposto excepcional de 75% sobre altas arrecadações, medida anunciada pelo presidente François Hollande durante a campanha presidencial e criticada pela direita como uma medida "simbólica" que vai gerar pouca arrecadação.
A polêmica contribuição taxará durante dois anos os contribuintes com faturamento superior a um milhão de euros por ano, o que certamente é o caso de Depardieu. "O último milionário que sair da França apague a luz", afirma o jornal Le Parisien.
O prefeito do município belga, Daniel Senesael, afirmou que a decisão de Depardieu foi motivada apenas pelo "ar puro e estilo de vida da pequena cidade".