O presidente venezuelano, Hugo Chávez, advertiu o comando militar para eventuais planos desestabilizadores antes de deixar Cuba nesta segunda-feira para uma nova cirurgia contra o câncer, mas se mostrou confiante de que deixa o país em "boas mãos".
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Presidente colombiano deseja rápida recuperação a ChávezCristina Kirchner diz que reza pela melhora de ChávezChávez luta contra o câncerChávez admite deixar o poderEquipe médica de Chávez inicia 'protocolo pré-operatório' em Cuba Chávez estava "animado" antes de cirurgia, diz CorreaRafael Correa visita Chávez em CubaO presidente, que viajou durante a madrugada para Cuba, onde será submetido a uma difícil operação depois de uma grave recorrência do câncer, afirmou ter certeza de que tanto o povo como o exército protegerão o país.
"Estou totalmente certo de que a pátria está segura", destacou Chávez, cercado pelas principais figuras de seu governo, incluindo o vice-presidente Nicolás Maduro, e do exército, no palácio de Miraflores.
"Só peço uma vez mais fortalecer a unidade (...) não ceder à intriga", completou.
Chávez, de 58 anos, um ex-tenente coronel que aos 17 entrou para o Exército, frequentemente se refere a supostos planos desestabilizadores da oposição e do exterior, e inclusive meses antes das eleições de 7 de outubro anunciou a criação de um "comando especial anti-golpe, cívico-militar", pois estava convencido de que a oposição não reconheceria a sua vitória e estava tramando um plano.
"O problema que o partido do governo tem muitas vezes é que sempre veem os fantasmas que eles foram. Eles nascem de uma revolução, de um golpe de Estado e então acreditam sempre que pode acontecer o mesmo com eles", disse à AFP Raúl Salazar, ex-ministro da Defesa nos primeiros anos do governo Chávez (1999-2001).
Chávez chegou ao poder em 1998, seis anos depois de liderar em 1992 um golpe de Estado frustrado contra o então presidente Carlos Andrés Pérez. Em 2002 sofreu outra tentativa que o deixou por um breve período o poder nas mãos da cúpula militar, mas ele o recuperou graças a militares leais e à pressão popular.
Poucos meses depois, Chávez chamou de plano desestabilizador a paralisação dos trabalhadores do setor petroleiro que praticamente parou o país. Em várias ocasiões, denunciou tentativas de assassinato.
"O presidente não apresenta nada de novo com essas referências constantes porque nunca dá provas nesse sentido. Já é histórica essa percepção do presidente", explica à AFP a advogada Rocío San Miguel, presidente da ONG Controle Cidadão para a Segurança, a Defesa e as Forças Armadas Nacionais.
"O país tem ameaças muito mais graves, como o aumento da criminalidade, e também em matéria de integridade nacional, com a presença de grupos armados estrangeiros à margem da lei", acrescenta.
Após a tentativa de golpe de 2002, a lealdade da instituição se tornou uma das maiores obsessões de Chávez, comandante em chefe das Forças Armadas, e por isso se empenhou em ideologizá-la.
Com isso, adicionou às Forças Armadas Nacionais a expressão "bolivarianas", frente às críticas de vários setores, que lembram que a constituição deixa claro que as forças militares não têm militância política.
No domingo, no dia seguinte a Chávez ter anunciado a volta do câncer e que partia para Havana para uma nova cirurgia, o ministro da Defesa, almirante Diego Molero Bellavia, afirmou em um comunicado que, na sua ausência, os membros das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) protegerão "com suas vidas a pátria socialista conquistada".
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