O chefe indígena Raoni, ferrenho e famoso defensor da floresta amazônica, fez um apelo nesta terça-feira ao Parlamento europeu em Estrasburgo para que a Europa intervenha junto ao governo brasileiro para impedir um grande projeto de usina hidrelétrica.
"Eu gostaria de pedir a vocês europeus que discutam esse problema com o governo brasileiro, e que passem a mensagem de que eles devem respeitar o povo indígena", declarou o cacique em coletiva de imprensa no Parlamento europeu.
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Em obras desde junho de 2011, a usina de Belo Monte, no coração da Amazônia, será a terceira maior do mundo, atrás da de Três Gargantas da China e da de Itaipu. Esse projeto de 14,4 bilhões de dólares é criticado pelas organizações de defesa do meio ambiente, principalmente por obrigar as comunidades indígenas a mudar seus modos de vida.
Presente ao lado de Raoni, a candidata à Presidência da França e deputada europeia ecologista Eva Joly afirmou que "o que está acontecendo no Brasil é preocupante", levando-se em consideração que "são empresas europeias que procuram lucrar com o que está acontecendo". O grupo francês Alstom, por exemplo, ganhou uma licitação no valor de 500 milhões de euros para fornecer duas turbinas para a usina.
O projeto de Belo Monte é um "Cavalo de Troia", denunciou outra deputada ecologista francesa, Catherine Grèze. "Eles vendem como um projeto de energia renovável, que, na verdade, abrirá as portas para a extração de minério e a destruição da Amazônia", completou.
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