O magnata das comunicações Silvio Berlusconi iniciou nesta terça-feira a campanha eleitoral da Itália com uma severa critica contra o governo "germano-centralizado" de Mario Monti, que, por sua parte, recordou aos italianos que foi ele que evitou que a Itália "tivesse o mesmo destino da Grécia ".
Quase um ano depois de deixar o poder, "Il Cavaliere" voltou com disposição total para a batalha política, maquiado e aproveitando de seus canais de televisão para fazer declarações bombásticas.
"A taxa de risco? Não tido ouvido falar sobre isso, apenas no último ano. Isso não interessa a ninguém", afirmou em uma entrevista por telefone ao Canal 5, uma das emissoras de que é proprietário, referindo-se ao índice que mede a confiança dos mercados em comparação aos valores da Alemanha.
"É um truque, uma invenção com a qual tentam provocar a queda da maioria eleita pelos italianos que governava o país".
Berlusconi insistiu em criticar a política da Itália centralizada na Alemanha, algo que, segundo ele, piorou a situação econômica da península.
"Não quero dizer que erros foram cometidos, mas Mario Monti seguiu uma política muito 'germano-centralizada'. Os indicadores econômicos pioraram. Não cabe fazer julgamentos, mas todos os dados são negativos", disse.
A taxa de risco da Itália subiu imediatamente em reação às declarações de Berlusconi, que anunciou sua candidatura pela coalizão de direita ao cargo de primeiro-ministro nas eleições de 2013 e retirou seu apoio a Monti no Parlamento, provocando a renúncia antecipada do chefe de Governo.
"Infelizmente, o governo liderado por Monti nos levou a uma crise, ainda pior do que quando estávamos no governo", comentou, depois de citar como exemplo a redução do Produto Interno Bruto (PIB).
Berlusconi voltou a defender seu papel como líder europeu e afirmou que sempre foi contrário às medidas impostas pela Alemanha à Grécia, um país que está "à beira da guerra civil", disse.
Consultado sobre se a Europa teme seu retorno, respondeu sem hesitar: "Nem em sonhos".
Como resposta, Monti lembrou que foi a pessoa que ?evitou que para a Itália o destino da Grécia".
"Eu ficaria feliz em saber da receita para salvar a Itália e, ao mesmo tempo, garantir seu crescimento em um ritmo acelerado", comentou Monti, com seu tom sóbrio de professor, um completo oposto de Berlusconi.
Monti também evitou responder à pergunta sobre se aceitará ou não se candidatar às eleições de 2013.
"Não entendo tanto interesse no futuro de uma pessoa idosa", comentou.
Mais direta foi a reação oficial da Alemanha, que pediu, através de seu ministro das Relações Exteriores, que seu país "não seja usado como argumento de uma campanha populista".
Na véspera, a chanceler Angela Merkel expressou seu apoio a Monti por ter iniciado "as reformas necessárias".
Berlusconi voltou a defender seu papel como líder europeu e assegurou que sempre foi contra as medidas impostas pela Alemanha à Grécia, ?um país que está à beira da guerra civil?, segundo ele.
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