O ministro espanhol de Economia, Luis de Guindos, afirmou nesta quarta-feira que não exclui um pedido no futuro de ajuda financeira ao Banco Central Europeu (BCE), mas afirmou que tal mecanismo seria muito distinto dos resgates solicitados por Portugal e Irlanda.
"Não é um resgate à portuguesa, à irlandesa (...) isso não é um resgate em absoluto", afirmou em uma entrevista com a emissora privada ABC Punto Radio, sobre o programa anunciado em setembro pelo BCE que lhe permitiria comprar, no mercado secundário, dívida dos países da Eurozona que o solicitarem.
Portugal e Irlanda, que já não conseguem financiar-se nos mercados, tiveram que recorrer a uma ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que implica em uma intervenção de suas economias.
O governo espanhol, "na data de hoje", decidiu não pedir a assistência financeira que implica nesse programa do BCE", mas "isso não quer dizer, como disse o presidente do governo, que não possa pedi-la no futuro", disse De Guindos, reafirmando as declarações do chefe do executivo, Mariano Rajoy.
O ministro espanhol considerou "excessiva" a diferença entre os juros que devem ser pagos pela Espanha para obter financiamento a dez anos e os que paga a Alemanha - a denominada "taxa de risco" -, mas a atribuiu principalmente "à existência de dúvidas sobre o futuro do euro".
"A Espanha precisa que sejam dissipadas e eliminadas as dúvidas sobre o futuro do euro", afirmou, enfatizando que atualmente essas preocupações já são menores que há seis meses.
A taxa de risco mede o nível de desconfiança dos mercados com relação à dívida de um país. No caso da Espanha, ela girava em torno dos 387 pontos nos últimos dias, com relação aos mais de 600 alcançados em julho.
O anúncio do programa de compra de dívida do BCE bastou para relaxar sensivelmente a tensão dos mercados sobre a dívida espanhola.
De Guindos enfatizou que a política de redução do déficit público empreendida pelo governo de Rajoy deve melhorar a percepção do país nos mercados.
"O déficit público vai ser reduzido substancialmente este ano e isso (...) vai fazer com que os que nos emprestam dinheiro considerem que uma situação que era insustentável, agora é sustentável", afirmou.
O governo espanhol empreendeu um draconiano esforço para reduzir seu déficit público, que em 2011 alcançou 9,4% do PIB. O objetivo oficial para este ano é de 6,3%, apesar de Rajoy ter reconhecido que seria "complicado" alcança-lo.
Questionado sobre a possibilidade de uma nova alta do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em 2013, o ministro afirmou que tal medida "não está em absoluto na mesa".
Entre as medidas decididas em 2012 para aumentar a renda, o governo espanhol aumentou esse imposto direto: sua taxa principal passou de 18 a 21%, enquanto que alguns produtos e serviços passaram do tipo reduzido de 8% ao geral de 21%.
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