O enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, disse neste domingo que tem uma proposta "que poderia ser adotada pela comunidade internacional" para acabar com o conflito que já se estende há 21 meses no país. "Eu tenho discutido esse plano com a Rússia e Síria... Acredito que essa proposta poderia ser adotada pela comunidade internacional", disse Brahimi, no Egito, após se reunir com o chefe da Liga, Nabil Al-Arabi.
Segundo ele, o plano estaria dentro dos termos da declaração de Genebra, assinada em junho, prevendo cessar-fogo, formação de um novo governo e um plano para eleições parlamentares e presidenciais.
A situação na Síria "é muito ruim e está ficando pior a cada dia", acrescentou Brahimi, um dia após a advertência de Moscou de que Damasco enfrenta uma escolha entre "o inferno ou o processo político". "Ou há uma solução política na Síria" ou o país corre o risco de uma descender a uma situação como a que ocorreu na Somália, destacou o enviado a repórteres.
No sábado, a Rússia reconheceu que o presidente sírio, Bashar Assad, não será persuadido a renunciar, mas insistiu que ainda há uma chance de encontrar uma solução política. As conversas de sábado entre Brahimi e chanceler russo, Sergei Lavrov, ocorreram em meio a sinais de que Moscou começa a se distanciar de Assad. Lavrov disse que tanto ele quanto Brahimi concordaram que havia esperança para uma solução desde que as potências mundiais coloquem pressão sobre ambos os lados. "O confronto está aumentando. Mas estamos de acordo de que persiste a possibilidade de uma solução política", disse Lavrov.
Enquanto isso, um navio de guerra russo carregando uma unidade de fuzileiros navais deixou um porto do Mar Negro em direção à Síria em meio a preparativos para uma possível evacuação de cidadãos russos que vivem e trabalham em território sírio.
O navio Novocherkassk é o terceiro despachado desde sexta-feira ao porto de Tartus, disseram agências de notícias russas citando um funcionário do governo que não quis se identificar. Segundo as agências, os navios Azov e Nikolai Filchenkov também tinham sido enviados para a Síria a partir de suas bases russas. A fonte militar disse ainda que o Novocherkassk chegaria a Tartus dentro dos primeiros 10 dias de janeiro. Autoridades não revelaram detalhes sobre a viagem.
Ainda neste domingo, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede em Londres, relatou que tropas sírias bombardearam bastiões rebeldes perto da capital no domingo, um dia depois que pelo menos 32 civis, incluindo 11 crianças, foram mortos por ataques aéreos e de artilharia na área de Damasco. A entidade informou que as crianças e duas mulheres estavam entre as vítimas de bombardeios focados em subúrbios no sudoeste e nordeste de Damasco e cidades periféricas..