O chefe do governo italiano que renunciou, Mario Monti, acusou nesta quarta-feira seu antecessor, Silvio Berlusconi, de falar de valores éticos que ele próprio não respeita.
"Berlusconi se utilizou de armas ineptas contra mim, como, por exemplo, falar dos valores da família. Acho que nem preciso comentar isso", declarou Monti em entrevista à rádio pública Rai, se referindo aos inúmeros escândalos sexuais do "Cavaliere"."Acredito que os valores éticos são fundamentais e devem ser defendidos. Eu detesto os partidos que se utilizam dos valores éticos, que eles próprios não respeitam no dia a dia, como uma arma pronta para atirar contra os adversários", continuou Monti, especificando estar se referindo a membros do partido de Berlusconi.
Silvio Berlusconi, que se candidatará pela sexta fez às eleições gerais em 24 e 25 de janeiro, afirmou em 31 de dezembro ter recebido "vários elogios (da igreja) pelas intervenções sobre os temas éticos, enquanto que na candidatura de Monti não se vê uma linha sobre esses temas tão importantes para a igreja".Mario Monti, que anunciou em fim de dezembro sua intenção de liderar uma união de partidos centristas, se divertiu mais uma vez com as declarações contraditórias de Berlusconi.
"Berlusconi desafia a lógica e semeia a confusão com seus comentários. Há pouco tempo, ele pediu para que liderasse a centro-direita. Depois, ele diz que o governo só fez desastres e que ele fez tudo que era possível. Espero que os eleitores consigam entender melhor que eu", ironizou Monti.