Dezenas de milhares de venezuelanos encheram nesta quinta-feira as ruas do centro de Caracas aos gritos de "Eu sou Chávez!" no dia em que o presidente deveria assumir seu terceiro mandato.
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Governo lança em sua ausência o novo mandato de Chávez Venezuela proíbe vídeos polêmicos sobre 'posse' de ChávezAusência de Chávez adia decisões econômicas fundamentaisChávez poderá tomar posse depois de 10 de janeiroCom poderes delegados por Chávez, Nicolás Maduro tem caminho livre para governar Cristina chega a Cuba para visitar Chávez"Como ele não pode vir, estamos aqui para tomar posse. Nós o amamos", disse à AFP Cleofelia Aceros, enquanto caminhava em direção ao palácio presidencial de Miraflores -lugar marcado para a concentração- pela avenida Urdaneta, ocupada por uma maré vermelha de chavistas -cor do partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
Muitos manifestantes vestiam uma faixa presidencial de papel com as cores da bandeira venezuelana (amarelo, azul e vermelho), em meio ao som de bandas.
À tarde, o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, se juntou à concentração.
Vestido com um traje esportivo vermelho, Maduro subiu no palco principal, enquanto os presidentes da Bolívia, Evo Morales, da Nicarágua, Daniel Ortega, e do Uruguai, José Mujica, ocupavam seus assentos, assim como outros ministros e autoridades da região.
"Hoje e 30 dias após a operação do presidente Chávez, que está enfrentando uma batalha, nós lhe dizemos daqui: comandante, tranquilo, continue sua batalha que aqui tem um governo bolivariano e um povo revolucionário lhe apoiando", disse Maduro em um emotivo discurso.
"Morremos de amor pelo povo, morremos de lealdade por Chávez!", prosseguiu o vice-presidente, enquanto aviões de fabricação russa Sukhoi, da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), cruzavam o céu azul de Caracas.
Diante de Maduro e do número três do chavismo, Diosdado Cabello, presidente do Congresso Venezuelano, a multidão cantou o hino nacional acompanhando uma gravação em que era possível ouvir a voz de Chávez, de 58 anos.
"Nicolás, Nicolás, o povo está contigo!!!!" - gritava a multidão para o candidato do 'chavismo' à presidência em eventuais eleições antecipadas.
"Nicolás (Maduro), quero destacar que a companheira Cristina (Kirchner), o governo que ela preside e o povo argentino estarão com você todos os dias até o regresso" de Chávez, disse o chanceler argentino, Héctor Timerman.
Com um "Até a vida sempre!", Hugo Chávez se despediu há um mês dos venezuelanos para viajar a Cuba para ser submetido pela quarta vez a uma cirurgia contra um câncer. Desde então, Chávez, que durante 14 anos de governo manteve uma presença quase diária nas telas de televisão, não tem se comunicado com o país.
Seu estado é "estacionário", em um quadro de insuficiência respiratória, segundo o último boletim divulgado na segunda-feira pelo governo.
"Se Chávez tivesse vindo hoje tomar posse, eu também teria vindo. Não muda nada o fato de não estar aqui. Levamos ele no coração", afirmou à AFP Luis Brito, de 60 anos, professor de Direito vindo de Puerto la Cruz (noreste).
O ato transcorreu em um ambiente descontraído depois de uma forte controvérsia constitucional resolvida pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) na quarta-feira. A instituição decidiu que Chávez não deve ser substituído e que seu governo será mantido, em decisão aceita pelo líder da oposição, Henrique Capriles.