O Exército francês manteve neste domingo os ataques aéreos contra grupos armados islamitas do Mali, depois de ter contido na sexta-feira seu avanço no centro do país, durante combates que deixaram dezenas de mortos, incluindo um chefe islamita, segundo uma fonte de segurança.
Neste domingo, uma fonte do entorno do presidente francês, François Hollande, considerou que as forças militares francesas no Mali foram surpreendidas por grupos islamitas "bem equipados, bem armados e bem treinados", dotados "de um material moderno e sofisticado", ao contrário do que se acreditava.
Ele afirmou que boa parte desses equipamentos modernos foi obtida pelos islamitas na Líbia.
"É um material moderno, sofisticado, muito mais robusto e eficaz do que podíamos imaginar", considerou.
A França manteve, pelo terceiro dia consecutivo, os bombardeios a colunas de picapes de islamitas, declarou o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian. "Efetuamos ataques aéreos permanentemente", disse.
Depois de o presidente François Hollande ter considerado na véspera que a intervenção francesa havia desferido um "golpe fatal" nos islamitas, o ministro da Defesa se mostrou prudente.
"A intervenção ainda está em andamento e nós a manteremos para impedir o avanço (dos rebeldes) para o sul. Isso foi conseguido em parte, mas não totalmente", ressaltou, indicando que as ações francesas permitem às forças malinenses "retomar seu avanço para recuperar" territórios.
Essa perspectiva foi denunciada pelo Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA, rebelião tuaregue malinense), que pediu neste domingo que as forças de Bamaco não penetrem no norte do país, região para a qual o grupo defende a autodeterminação.
O MNLA lançou em janeiro de 2012 uma ofensiva no norte do Mali, mas foi rechaçado pelos grupos islamitas armados da Al-Qaeda do Magrebe Islâmico (Aqmi), do Movimento pela Unidade e a Jihad no Oeste da África (Mujao) e do Ansar Dine (Defensores do Islã).
Os confrontos em torno da cidade de Konna (centro), a 700 km de Bamaco, que combatentes islamitas haviam tomado na quinta, deixaram 11 mortos e cerca de 60 feridos no Exército malinense, segundo o presidente Dioncounda Traoré. Um oficial francês, piloto de helicóptero, também morreu.
Nenhum registro de mortes foi anunciado para as vítimas jihadistas, mas o Exército malinense indica cerca de cem islamitas mortos. Uma liderança do grupo islamita armado Ansar Dine, Abdel Krim, conhecido como "Kojak", foi morto em combate, afirmou neste domingo uma fonte de segurança regional.
Reforços dos países da Comunidade Econômica dos Estados o Oeste da África (Cedeao) são aguardados.
Países como Benin, Níger, Burkina Faso, Togo e Senegal também anunciaram o envio de batalhões ao Mali.