Jornal Estado de Minas

Prostituta do caso Berlusconi não testemunhará

AFP

O julgamento de Silvio Berlusconi por prostituição de menores foi reiniciado nesta segunda-feira em Milão, após a rejeição pelos juízes da solicitação de adiamento apresentada por seus advogados, mas sem o testemunho da jovem "Ruby", constatou a AFP.

O testemunho da marroquina, cujo nome real é Karima El Mahroug, era aguardado com expectativa, mas após um acordo entre a acusação e defesa a mulher não será interrogada.

O tribunal vai se basear nas atas de suas declarações aos investigadores.

Ruby, destaque do julgamento de Silvio Berlusconi, chegou a se apresentar nesta segunda-feira ao tribunal de Milão para dar sua versão das famosas festas "bunga bunga" organizadas por Berlusconi em sua luxuosa mansão Arcore.

Os advogados do 'Cavaliere' também pediram um adiamento imediato do julgamento devido à proximidade das eleições gerais de fevereiro, para evitar qualquer "manipulação" durante a campanha. O ex-chefe de Governo será candidato à frente de uma coalizão de centro-direita com o seu aliado, a Liga do Norte.

Já a procuradora Ilda Boccassini, conhecida por sua combatividade contra Berlusconi no mundo jurídico, solicitou que esse pedido fosse rejeitado, argumentando que Silvio Berlusconi não é secretário-geral de seu partido, o PDL, e que ele mesmo assegurou que não se candidataria ao cargo de presidente do Conselho.

Os juízes se retiraram para deliberar a demanda em conselho de câmara, e acabaram por atender à demanda da procuradora.

Berlusconi pode ser condenado a três anos de prisão por prostituição infantil e a 12 anos por abuso de poder.

A jovem marroquina já havia sido convocada pelo tribunal em duas outras ocasiões, em 10 e 17 de dezembro, mas nunca chegou a depor como testemunha.

De acordo com o calendário do julgamento, a acusação está marcada para 28 de janeiro e a defesa para 4 de fevereiro. Em seguida, outra audiência será marcada para "réplicas" e o veredicto.

Berlusconi é julgado desde abril de 2011 em Milão por prostituição infantil e abuso de poder: ele é acusado de pagar por serviços sexuais da jovem marroquina chamada Ruby, na época menor de idade, e de ter exercido pressão sobre a polícia, que havia detido a jovem por roubo em maio de 2010.

Os dois negam ter mantido relações sexuais.

Sobre o caso, Berlusconi, de 76 anos, afirma ser vítima de uma "gigantesca operação de difamação". Ele admite que deu dinheiro a Ruby, mas para permitir que ela abrisse um instituto de beleza e para evitar que ela se prostituísse.

Enquanto os meios de comunicação revelaram algumas histórias sobre as noites quentes de "bunga bunga" em 2010, com jogos sexuais e dançarinas nuas, o magnata da mídia afirma que essas noites não tinham "nada de ilegal". No entanto, se desculpou, justificando sua solidão por seu divórcio e a perda de sua mãe e sua irmã.

Ele também justificou sua intervenção junto à polícia por razões diplomáticas, dizendo que acreditava que Ruby era sobrinha de Hosni Mubarak, então presidente egípcio.

Quanto a Ruby, a imprensa publicou uma gravação de conversas telefônicas em que ela afirma a uma amiga que o então presidente do Conselho havia lhe dito: "Eu vou dar tudo que você quiser, eu vou cobrir você ouro, mas esconda tudo".