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Estado de Minas

Netanyahu vence eleições, mas Israel dá guinada para o centro

Resultado definitivo será anunciado em uma semana


postado em 23/01/2013 16:00

(foto: DARREN WHITESIDE / POOL / AFP)
(foto: DARREN WHITESIDE / POOL / AFP)

O primeiro-ministro de direita, Benjamin Netanyahu, obteve uma vitória amarga nas eleições legislativas israelenses, devido à irrupção imprevista de um partido centrista que pode forçá-lo a flexibilizar usa política diante dos palestinos para poder formar um governo.

Com 99,5% dos votos apurados, os partidos de direita e de centro-esquerda dividem em partes iguais (60 assentos por grupo) os 120 assentos da Kneset, o parlamento unicameral, segundo resultados divulgados no início desta quarta-feira.

Esta configuração contraria os planos de Netanyahu, que esperava contar com uma maioria sólida para ter margem de manobra diante de questões essenciais, como o programa nuclear iraniano e o processo de paz com os palestinos.

A coalizão Likud Beitenu - formada pelo Likud de Netanyahu e pelo partido Ysarel Beitenu de seu ex-ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman - obtém 31 assentos, 11 a menos em comparação com a legislatura atual.

Em segundo lugar, com 19 deputados, se situa o Yesh Atid , criado há menos de um ano por Yair Lapid. Este ex-jornalista baseou sua campanha em reivindicações econômicas da classe média, se declarou favorável à generalização do serviço militar (que exclui, até o momento, os religiosos) e à retomada das negociações com os palestinos.

As pesquisas previam um retrocesso do Likud, mas esperavam que isto seria em benefício da Casa Judaica, do líder do ultranacionalismo religioso Naftali Bennet. Mas este novo grupo, com forte influência entre os colonos dos territórios ocupados, ficou finalmente relegado ao quarto lugar, com 11 assentos.

Completam o arco da direita o partido ultraortodoxo sefardita Shas, com onze deputados, e o Judaísmo Unido da Torá, um grupo ultraortodoxo asquenaze, com sete.

Pelo lado do centro, o Hatnuá, da ex-ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, favorável a retomar o processo de paz com os palestinos, ganha 6 assentos. O Meretz (esquerda) consegue outros 6, os partidos árabes 12 e o Kadima 2.

Os resultados definitivos serão anunciados em uma semana. O presidente Shimon Peres iniciará então consultas para determinar quem tem as maiores chances de formar a nova coalizão e deve, ser surpresas, designar Netanyahu para um terceiro mandato, o segundo consecutivo.

Os analistas concordam que Netanyahu ofereça algum ministério de primeiro escalão a Lapid, a grande revelação das eleições.

"Não há nenhum governo razoável - ou seja, nenhum que não coloque Netanyahu em uma situação de pária internacional - sem Lapid", afirmou o analista Yosi Vertner ao jornal Haaretz.

De fato, as críticas internacionais contra a ampliação das colônias judias nos territórios ocupados e a pressão dos Estados Unidos e da Europa para retomar as negociações com os palestinos devem encontrar agora maior eco no parlamento israelense.

Os palestinos, em seus primeiros comentários, se mostraram céticos sobre qualquer mudança imediata de orientação.

"Não espero o aparecimento ou o ressurgimento de uma coalizão de paz ou de um campo da paz", declarou a líder Hanan Hashrawi, do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). "As possibilidades de paz não vão aumentar de repente, de forma espetacular", acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Malki, falando nesta quarta-feira ao Conselho de Segurança da ONU, afirmou, por sua vez, que os líderes palestinos trabalharão pela paz com qualquer governo israelense, desde que este reconheça o Estado da Palestina.

Outro tema que cria inquietação internacional é a política iraniana de Netanyahu, que acusa a República Islâmica de querer se dotar de uma arma nuclear e se dispôs a recorrer a todos os meios para impedi-lo.

Lapid não disse nada até o momento sobre o Irã, mas já havia afirmado que se recusaria a participar de um governo que mantivesse o bloqueio das negociações com os palestinos.

Após a divulgação dos primeiros resultados, Netanyahu disse que quer constituir um "governo o mais amplo possível", mas também reafirmou sua determinação frente ao Irã, país que acusa de querer se dotar de uma arma nuclear.

"Os resultados das eleições oferecem uma chance de realizar mudanças que os israelenses pedem. Tenho a intenção de realizar esta mudança e, para isso, formar o governo mais amplo possível", declarou diante de seus seguidores em Tel Aviv.

E acrescentou: "o primeiro desafio que o próximo governo enfrentará continua sendo e será impedir que o Irã se dote de uma arma nuclear".

Netanyahu também prometeu dar prioridade aos problemas econômicos e sociais do país, e se disse disposto a formar uma coalizão a mais ampla possível.

"Os israelenses querem que eu forme um governo que impulsione três grandes mudanças na política interna: uma maior igualdade (da obrigação de cumprir com o serviço militar), um maior acesso à habitação e mudanças no sistema de governo", segundo declarações a uma rádio.


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