O Paraguai "não foi convidado" e, portanto, não enviou representantes à cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia que será realizada em Santiago neste fim de semana, admitiu nesta sexta-feira o presidente Federico Franco.
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Brasil financiará ponte suspensa na fronteira com o ParaguaiEx-presidente paraguaio Fernando Lugo reconhece segundo filhoParaguai cobra 100 milhões de dólares da Argentina por uso de energia"Aqui (no Paraguai) há um governo constitucional e desejo que na cúpula seja abordada a situação do Paraguai e que isso seja corrigido", disse Franco.
Desde a destituição de seu antecessor, Fernando Lugo, por meio de julgamento político do Congresso no 22 de junho de 2012 acusado de "mau desempenho de suas funções", o Paraguai, que também é membro da Celac, ficou à margem de importantes encontros regionais e internacionais.O Mercosul e a Unasul foram os primeiros a excluir o Paraguai de suas reuniões posteriores à destituição de Lugo até que não fossem realizadas eleições no país, previstas para 21 de abril.
Seus sócios do Mercosul (Argentina, Brasil e Uruguai) conseguiram deixar o país fora da cúpula Ibero-Americana de Cadiz, no final de outubro, da cúpula com os países árabes (em dezembro em Lima) e agora do próximo encontro da Celac com a União Europeia.Apoiado pelos Estados Unidos e pela maioria dos países membros da OEA, o Paraguai evitou que fosse votada uma resolução para declarar inconstitucional o atual governo, promovida por Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela e Uruguai, além de Nicarágua e Cuba.
Em declarações divulgadas na quinta-feira na imprensa local, o chanceler José Félix Fernández havia revelado que o Chile tinha pedido expressamente ao Paraguai que não participasse "por temor de uma saída dos países do Mercosul, da Unasul e do bloco da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas)"."Gostaria que os presidentes reunidos neste fim de semana em Santiago tomassem uma decisão e retificassem a forma como têm atuado em relação ao Paraguai", reiterou o presidente Franco, que era o vice-presidente durante o governo de Lugo.
Após afirmar que o tratamento que recebe de seus sócios e vizinhos "é injusto", destacou que a democracia em seu país goza de boa saúde."Nossa realidade é diametralmente diferente à da Venezuela. Aqui há um governo constitucional, onde a sucessão do mandato se realizou com base nas leis", enfatizou.
Franco deve passar o poder no dia 15 de agosto deste ano ao seu sucessor, que será eleito no processo eleitoral de abril.