A Coalizão Nacional síria fez um apelo nesta segunda-feira à comunidade internacional por apoio financeiro e armas durante uma reunião em Paris, enquanto violentos combates eram travados no sul de Damasco.
"O povo sírio trava atualmente uma guerra sem perdão. O tempo não está do nosso lado e o prosseguimento deste conflito levará a um desastre para a região e para o mundo", declarou Riad Seif, vice-presidente da coalizão, na abertura da reunião organizada pela França.
"Nós não queremos promessas que não serão cumpridas", acrescentou aos diplomatas e líderes de 50 países.
"A Síria precisa de bilhões de dólares. Mas precisamos de um mínimo de 500 milhões para criar um governo", exigido pela comunidade internacional, afirmou George Sabra, líder do Conselho Nacional Sírio, principal componente da coalizão.
"Precisamos de armas, armas e armas", ressaltou, enquanto os ocidentais temem que tais armas caiam nas mãos de grupos jihadistas na Síria.
Um embargo europeu sobre as armas para a Síria deve ser revisto no final de fevereiro em Bruxelas, mas a remoção parcial ou total do embargo deve ser aprovada por unanimidade, lembrou um funcionário do Quai d'Orsay, à margem da conferência.
"Diante do colapso de um Estado e da sociedade, são os grupos islamitas que podem ganhar terreno se não agirmos. Nós não devemos deixar uma revolta que começou como um protesto pacífico e democrático degenerar em confrontos entre milícias", considerou o chanceler francês, Laurent Fabius.
"Esta conferência tem um objetivo concreto: capacitar a Coalizão Nacional síria a agir", acrescentou. "Isso requer fundos financeiros, ajuda de todos os tipos. Promessas foram feitas, algumas foram cumpridas, mas não todas", acrescentou.
Na reunião dos Amigos do Povo Sírio em Marrakech, em 12 de dezembro, mais de uma centena de países árabes e ocidentais reconheceram a Coalizão Nacional Síria como a "representante legítima do povo sírio". Um total de 145 bilhões de dólares foi prometido à organização, mas a oposição luta para ganhar a confiança internacional, que questiona sua representatividade e capacidade de organização.
Intensos combates no sul de Damasco
No terreno, violentos combates entre o regime do presidente Bashar al-Assad e rebeldes foram registrados nesta segunda-feira no sul de Damasco, enquanto 10 insurgentes foram mortos em confrontos no leste da Síria, informou uma ONG síria.
"Intensos combates ocorrem há mais de uma hora entre as forças regulares e os combatentes rebeldes no bairro de Qadam (ao sul de Damasco), acompanhados por explosões", indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Combates também tiveram início perto de um edifício da defesa aérea em Mliha, a sudoeste de Damasco, disse a ONG, que conta com uma ampla rede de ativistas e médicos.
Em Hasaka, 10 rebeldes foram mortos em combate durante a noite.
Além disso, a Frente al-Nusra reivindicou em seu Twitter o ataque suicida de 21 de janeiro na cidade de Salmiyé, província de Hama (centro), no qual 42 pessoas, incluindo civis e milicianos pró-regime, foram mortos.
Mais de 60.000 pessoas morreram desde o início da revolta contra o regime, em março de 2011, segundo a ONU.
A Rússia, aliada de Damasco, surpreendeu no domingo ao acusar o presidente Assad de ter cometido "um erro que pode ser fatal" por não ter realizado reformas políticas.