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Ministro diz que silêncio do Brasil sobre renúncia de Papa foi por respeitoBrasileiros relatam emoção da despedida do Papa Bento XVIDisputa de poder e escândalos teriam provocado a renúncia do PapaSucessão papal é tema de filme e livroCoabitação de dois Papas é um desafio para o VaticanoVaticano diz que papa bateu a cabeça em viagem ao MéxicoPapa pede 'renovação' da Igreja em cerimônia de despedidaEntre as pessoas presentes, não faltaram gritos de “Viva o papa” clima de festa e até fanfarras vindas da Baviera - região na Alemanha onde Joseph Ratzinger nasceu - vestidas a caráter.
No final do dia, na Basílica de São Pedro, Bento XVI ainda realizou sua última missa, a de quarta-feira de cinzas. Transportado em uma plataforma, o pontífice já não disfarçava seu cansaço e o tom da despedida foi dos mais sóbrios. Mas a Basílica foi tomada por um longo e espontâneo aplauso do público que se levantou. Em um gesto pouco comum, os bispos chegaram a tirar a mitra em respeito. Vários deles não contiveram o choro.
O coro e auxiliares do pontífice também não escondiam a emoção. Poucos papas, ao longo dos 2 mil anos da Igreja, realizaram uma missa em São Pedro sabendo que seria a última de seu reinado. Não por acaso, o clima de despedida na Basílica impressionava até cardeais. “Foi uma experiência que nunca mais esquecerei”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo d. João Aviz, cardeal brasileiro e prefeito da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica do Vaticano.
O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, homenageou o papa Bento XVI no fim da missa celebrada ontem dizendo que seu pontificado foi “uma janela aberta” para a Igreja e para o mundo.
Manto de tristeza
“Não seríamos sinceros se não disséssemos que há um manto de tristeza em nosso coração”, lamentou o número 2 do Vaticano. De acordo com o cardeal italiano, Bento XVI ensinou aos bispos que a Igreja se renova sempre. “(Devemos) servir à Igreja com a firme consciência de que ela não é nossa, mas de Deus, e não somos nós que a construímos, mas é ele.” Bertone é visto por muitos como principal alvo dos recentes vazamentos de documentos sigilosos da Santa Sé (conhecidos como VatiLeaks) e fonte de discórdia na Cúria Romana.
Entretanto, em julho de 2012, o papa Bento XVI manifestou publicamente sua confiança no secretário de Estado, afirmando que ele vinha recebendo críticas injustas. Do lado do público, a emoção não foi menor. John Harris, um americano de 25 anos que estava viajando pela Europa, decidiu ir até Roma quando, na segunda-feira (11), escutou que o papa havia renunciado. Na quarta-feira (13), passou quatro horas na fila para conseguir um “lugar na primeira fila”.
“Eu queria me despedir do papa”, disse. “Ele deu um golpe em muita gente aqui com o que fez”, declarou. “Participei de um momento histórico”, dizia com lágrimas nos olhos a irlandesa Cathy, após a missa.