Jornal Estado de Minas

Igreja latino-americana pode contribuir ao novo papado, afirma cardeal brasileiro

AFP

A Igreja católica latino-americana permanece "viva e dinâmica" ante uma paralisia na Europa e, por isto, oferece uma grande contribuição ao novo papado, afirmou neste domingo o cardeal Raymundo Damasceno, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

"A Igreja na América Latina vive um momento muito especial, de entusiasmo missionário muito grande, que vai ao encontro das pessoas, nas periferias das cidades, em nossas comunidades", disse Damasceno à AFP.

A Igreja latino-americana está levando um "suplemento de vida" à Igreja na Europa, "que vive um processo de secularização muito forte e sofre uma crise de vocações religiosas", completou.

Damasceno, de 76 anos, que viajará na segunda-feira a Roma, onde permanecerá até a eleição de um novo Papa, é um dos 118 cardeais que integram a lista de possíveis sucessores de Bento XVI.

A lista inclui cinco brasileiros.

O presidente da CNBB considera "fundamental" que o novo papa seja uma pessoa "com experiência pastoral, aberto ao diálogo com o mundo contemporâneo e sensível aos problemas sociais" que o planeta enfrenta hoje.

A origem ou idade do novo pontífice não devem ser critérios definitivos.

"A Igreja latino-americana terá sua influência, mas não significa que terá que ser um papa de origem latino-americana ou caribenha", disse.

Arcebispo de Aparecida (São Paulo), Raymundo Damasceno Assis também ofereceu neste domingo a última entrevista coletiva antes de viajar a Roma reiterou que "a Igreja da América Latina tem algo para dar, sobretudo à Europa".

"A Europa parece que paralisou um pouco, se cansou um pouco, então acredito que a América Latina tem uma contribuição muito importante que fazer, primeiro porque é o continente com a maior parte dos católicos do mundo, 44%, nosso povo é profundamente religioso", expressou.

O cardeal do Brasil, o país com maior número de católicos do mundo, afirmou que "as igrejas de orientação neopentecostal - evangélicas - não estão crescendo tanto" no continente e que a Igreja Católica "também está se revigorando".

Cinco cardeais brasileiros participarão no conclave para eleger o novo pontífice, após a renúncia de Bento XVI que se tornará efetiva no dia 28.

Um cardeal brasileiro apontado como favorito é Odilo Scherer, de 63 anos, arcebispo de São Paulo, a maior diocese do Brasil, com cinco milhões de fiéis.

Os outros cardeais brasileiros no conclave são os arcebispos eméritos de São Paulo, Claudio Humes, de 78 anos, e de Salvador, Geraldo Majella Agnelo, de 79, e João Braz de Aviz, de 65, prefeito para a Congregação dos Institutos da Vida em Roma.

O Brasil espera a visita do novo Pontífice em julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, que pode ser a grande primeira viagem internacional do futuro Papa.