Papa interino: Tarcisio Bertone vai administrar o Vaticano até o fim do Conclave
"Na morte do pontífice, todos os chefes dos dicastérios da Cúria Romana, o cardeal secretário de Estado, os cardeais prefeitos, os bispos presidentes, assim como os membros desses ministérios, deixam seus cargos. As únicas exceções são o Camerlengo da Santa Igreja e o Grande Penitenciador, que continuam resolvendo o que acontece diariamente", indica o artigo 14 da Constituição.
A palavra "camerlengo" é derivada do italiano "camera", que significa câmara, quarto. Ela equivale, em português, à expressão "adido à câmara". O camerlengo é uma função puramente administrativa, que só ganha importância na morte ou, no caso, na demissão de um Papa.
Ele é encarregado de gerenciar o Vaticano e, com a ajuda dos cardeais presentes, reunidos em congregação geral, ele marca a data do funeral, no caso da morte do Papa, e convoca o Conclave.
Mas o camerlengo e os cardeais não podem tomar nenhuma decisão que exceda a duração do período de vacância do trono de São Pedro, onde imperam prerrogativas exclusivas do Papa, como por exemplo a nomeação de novos cardeais.
É o camerlengo que é encarregado de constatar e notificar a morte do Papa. Até Pio XII, morto em 1958, o camerlengo constatava o óbito do chefe da Igreja batendo com um pequeno martelo de prata em sua testa, para garantir que o pontífice estava, de fato, morto.
Monsenhor Bertone deverá simbolicamente tomar posse das funções papais, o Palácio Apostólico do Vaticano, os palácios do Latrão, sedes da diocese de Roma, onde o Papa é por tradição o bispo, e de Castel Gandolfo, residência de verão dos papas.
Esta última será, contudo, ocupada do Joseph Ratzinger, situação inédita na história recente da igreja.
Número dois do Vaticano, Bertone, 78 anos, foi nomeado camerlengo em abril de 2007.
Originário de Romano Canavese, uma pequena região italiana do Piemonte, o salesiano Tarcisio Bertone colaborou durante sete anos (1995-2002) com Ratzinger quando ele foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, antes de ser nomeado em 2006 Secretário de Estado do Vaticano, espécie de "chefe do governo" da Santa Sé.