Jornal Estado de Minas

Ex-ditador do Haiti Duvalier se apresenta ante a justiça

AFP

O ex-ditador do Haiti, Jean-Claude Duvalier, alvo de vários processos de opositores e que em três oportunidades se negou a comparecer ante a justiça, se apresentou nesta quina-feira ante o Tribunal de Apelações de Porto Príncipe junto a sua companheira Veronique Roy.

Fora do prédio, várias dezenas de pessoas usavam peças de roupa com as cortes vermelho e negro do antigo regime, como gesto de simpatia em relação ao ex-ditador e gritavam "Viva Duvalier".

A sala de audiência está lotada, principalmente de vítimas dispostas a dar seu testemunho.

Duvalier, de 61 anos, enfrenta várias acusações de prisões arbitrárias, torturas e prisões ilegais.

Indagado se "assumia plenamente suas responsabilidades de 1971 a 1986", Duvalier afirmou, com voz inaudível, que "apesar de não poder dizer que vida era ideal, as pessoas viviam decentemente".

"Ao voltar, encontrei um país afundado e corroído pela corrupção. É minha vez de perguntar: o que fizeram com meu país?", questionou, erguendo a voz, sob aplausos dos partidários presentes na sala.

Em janeiro de 2012, um juiz de instrução ordenou que "Baby Doc" comparecesse ante um tribunal por desvio de fundos, mas não convocou o ex-ditador por crimes contra a humanidade ao afirmar que esses delitos haviam prescrito, o que provocou a indignação das organizações de defesa dos direitos humanos e de vítimas da ditadura, que apelaram da decisão.

"Baby Doc", filho do ex-ditador François "Papa Doc" Duvalier, assumiu o poder aos 19 anos, em 1971, prolongando uma longa ditadura familiar em um dos países mais pobres do continente americano.

Deposto em 1986 por uma rebelião popular, regressou espetacularmente ao Haiti em janeiro de 2011, depois de 25 anos de exílio na França.