Jornal Estado de Minas

Sapateiro mexicano criará mais dois pares para o Papa Emérito

AFP

Surpreso com a notícia de que Joseph Ratzinger manterá consigo o par de sapatos que fez especialmente para o pontífice, o mexicano Armando Martín declarou que criará outros dois pares para o Papa Emérito ao abrir à AFP as portas de sua pequena fábrica.

"A notícia de que o Papa continuará usando os sapatos que fizemos com tanto carinho me surpreendeu, por isso decidimos agradecer dando outros dois pares", afirmou Martín, que há 12 abriu sua fábrica de calçados de couro nesta cidade no centro do México.

Reconhecendo que o anúncio da renúncia de Bento XVI poderia aumentar suas vendas e exportações, insistiu que o maior benefício "é o reconhecimento público aos mexicanos, aos latino-americanos, como gente capaz de fazer produtos de primeira qualidade".

Os sapatos que o Papa emérito decidiu levar foram resultado de vários desenhos e palpites dos trabalhadores da fábrica Ackerman até chegar ao modelo único chamado Bento, feito com couro de bezerro, segundo o empresário de 46 anos, um sapateiro de tradição familiar.

Martín entregou pessoalmente a Bento XVI o par de sapatos antes da missa celebrada em sua visita ao México em março do ano passado, relatou o sapateiro, enquanto mostrava os restos de couro utilizados na confecção do calçado papal.

"Sabia que iria gostar porque nossos produtos são em geral para um público exigente, mas não imaginei que tanto", acrescentou Martín.

Em janeiro de 2012 o sapateiro decidiu que o Papa teria que levar de Guanajuato, um estado mexicano com uma forte indústria de calçado, um par de sapatos feitos em sua fábrica.

Sabia que não teria tempo para provas, mas precisava do tamanho dos pés.

As autoridades eclesiásticas da região conseguiram as medidas e então os desenhos puderam começar. "Pensamos em vários modelos... até em botinas", lembra sorridente.

"O mais importante era manter a elegância e torná-lo o mais confortável possível. Também precisavam ser seguros, por isso decidimos fazer sem cadarço para evitar qualquer tropeço. Teriam que ser fáceis de colocar, dada a sua idade avançada, e finalmente escolhemos a cor vermelha, depois de tentar com azul e preto", acrescentou com satisfação.

Martín assegura que apesar do sucesso, o modelo Bento não será comercializado. "Existem apenas dois pares, o que ele recebeu e esta réplica", afirmou ao mostrar seu tesouro que é tocado com luvas de látex.

"Além disso teriam um alto custo. O que estamos pensando é que talvez poderíamos dar pares parecidos aos bispos que quiserem", prosseguiu.

Mas presente mesmo o empresário mexicano tem em mente apenas um, o planejado para Joseph Ratzinger.

"Estamos trabalhando com muita paixão em dois pares, um preto e um azul, mas não adiantar nenhum detalhe, será uma grande surpresa para ele".